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O presente estudo ancora-se na predileção de problematizar a polêmica envolvendo uma
questão do ENEM/2018, aquela que tematizou o uso da linguagem LGBT+ no intuito de
discutir aspectos da variação linguística, dessa maneira, enfatizamos que nosso objetivo geral
é o de analisar a presente questão. Assim, apesar dos aparatos científicos - os quais justificam
a inserção da questão na avaliação nacional - parte da sociedade e da mídia, junto ao presidente
da república, indicaram ser irrelevante o tema para a formação dos discentes. Entretanto,
ancorando-nos em estudos da Sociolinguística, isso por compreender a língua como uma
instituição social, a qual se coaduna com fatores extralinguísticos, entendemos a temática como
relevante. Para tanto, adotamos os aparatos de Labov (2008), Bagno (2013, 2015, 2017),
Bortoni-Ricardo (2017), entre outros pesquisadores de perspectiva funcional da linguagem.
Nessa direção, evidenciamos que a linguagem LGBT+ está ancorada no uso de léxicos de
origem africana, mais especificamente, na língua iorubá, assim, os sujeitos desse grupo passam
a utilizar itens linguísticos específicos, performáticos e herméticos, os quais compõem o grupo
das gírias de caráter restrito (PRETI, 1984, 2010). Desse modo, também teorizamos a temática
das influências africana no português brasileiro, mediante os postulados de Bossaglia (2019),
Basso (2019), Bagno (2012, 2019), entre outros. Desse modo, desenvolvemos uma pesquisa de
viés interpretativista e de natureza mista, pois de um lado é qualitativa, por descrevermos o
fenômeno; por outro, quantitativa, por adotarmos aplicações estatísticas mediante a coleta de
dados com questionários respondidos por professores de Língua Portuguesa da educação básica
do estado da Paraíba, divididos em dois grupos: héteros e não-héteros. Para isso, comungamos
metodologicamente com Paiva (2019), Bortoni-Ricardo (2008) e Gil (2002). Ao fim, foi
possível estabelecer a validade da questão elencada nessa pesquisa por seu conteúdo estar
associado à reflexão linguística, bem como os professores que evidenciam em seus discursos o
quão significativo é o respeito às variedades linguísticas, além de constatarmos estatisticamente
que os docentes, independentemente de suas sexualidades, apontam a questão supracitada
como pertinente para o processo avaliativo. Desse modo, também constatamos a validade dos
objetivos dos documentos oficiais de ensino, os quais determinam que a variedade linguística
deve ser tema de discussão e reflexão, especialmente, as variedades estigmatizadas, como
expressam os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio (2006) e a Base Nacional Comum Curricular (2018). |
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