A construção retórico-discursiva no romance O retrato de Dorian Gray: um diálogo entre a filósofia do Círculo de Bakhtin e a de Aristóteles

Abstract

Nesse trabalho, propomos uma investigação a respeito da construção retórico-discursiva dos personagens no romance O retrato de Dorian Gray, especialmente, ao que remete ao emprego da persuasão no discurso de Lord Henry Wotton e seus efeitos sob o protagonista. Para atingirmos esse propósito, trazemos considerações das intenções que se refratam nos discursos dos personagens, do caráter de suas imagens discursivas e de suas ideologias, sendo o entendimento desses aspectos essenciais para que possamos compreender a razão pela qual eles empregam os meios persuasivos em seus discursos. Além do mais, não deixamos de trazer considerações a respeito do gênero da narrativa, visto que os conceitos referentes ao tempo e espaço, ao posicionamento do autor em relação às suas construções discursivas no contexto do romance se mostram de grande importância para que possamos ter um melhor entendimento sobre o gênero romanesco. Dessa forma, a pesquisa se fundamenta na filosofia do Círculo de Bakhtin, especificamente em Bakhtin (1997); Bakhtin (1998); Bakhtin (2002); Bakhtin (2006); Bakhtin (2016); e na retórica da filosofia de Aristóteles, mais precisamente em Aristóteles (2011); Aristóteles (2012), entre outros. Metodologicamente, a pesquisa é qualitativa de cunho interpretativista. Como resultado, conseguimos constar a presença da persuasão no discurso de Lord Henry Wotton, tendo em vista que, na perspectiva aristotélica, o personagem corresponde a um orador, o qual faz uso dos três meios persuasivos. Assim, propomos-nos a analisar apenas dois deles, etos e patos. A partir da concepção Bakhtiniana, defendemos que Lord Henry é considerado um sujeito que faz uso da palavra interiormente persuasiva em seu discurso. Além disso, constatamos os efeitos da persuasão na criação de consciência, na formação ideológico-histórica, axiológica e cultural no protagonista do romance, Dorian Gray.