Resumo:
Desde o século passado, estudiosos da crítica feminista, dos estudos de gênero na literatura e dos estudos sobre a representação do feminino vêm buscando novas formas de explorar com maior profundidade obras literárias de autoria feminina, que apresentam aspectos que nos remetem ao pensamento feminista. Por muito tempo, o papel ativo da mulher na sociedade civil se tornou praticamente invisível, assim como sua atividade na escrita literária. Mas, com o tempo, o gênero feminino passou a ser alvo de estudos por diversas áreas do conhecimento, especialmente pela Literatura. Dessa maneira, o objetivo da presente pesquisa consiste em estudar a postura gendrada presente em Elizabeth em contraste com a postura conformista de Jane, no romance Orgulho e Preconceito (1813), de Jane Austen, na perspectiva da Crítica Feminista (2009) e do Feminismo Político (1970). O estudo justifica-se pela necessidade de analisar o romance Orgulho e Preconceito (1813), para que possamos identificar alguns aspectos que, às vezes, podem passar despercebidos aos leitores, tais como: o sistema patriarcal vigente; a desigualdade de direitos entre homens e mulheres; a exaltação da voz feminina no romance; a postura feminista implícita nas atitudes da heroína na narrativa; e o contraste entre as personalidades femininas no enredo. Metodologicamente, o nosso trabalho consiste em uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico, com uma abordagem de interpretação textual, remetendo-se ao método dedutivo. Ademais, utilizaremos como principal instrumento de análise do romance o estudo de cunho estruturalista. Para o embasamento teórico da presente pesquisa, contamos com as ideias e as concepções de Brait (1987); Cândido (2018); Gancho (2006); Forster (2005); Mangueira (2012); Mckeon (1979); Millett (2003 [1968], 1970); Muraro (2000); Newton (1978); Perrot (2010); Zolin (2009); e Woolf (2019). Portanto, ao analisarmos a representação do feminino no romance, conseguimos discutir, através das personagens femininas de Austen, os modelos sociais das mulheres georgianas inglesas. Como vimos, essas não tinham outra saída, a não ser ter que obedecer aos preceitos da sociedade patriarcal, tendo sempre que se submeter a regras e convenções sócio-histórico e culturais de seu contexto. Ademais, vimos que o casamento, sendo apresentado como uma instituição do sistema patriarcal, é a única saída para as mulheres abastadas ou de classe média conseguirem estabilidade socioeconômica, o que reafirma a condição de submissão e inferioridade do sexo feminino. Em suma, de acordo com as concepções da Crítica Feminista (2009) e do Feminismo Político (1970), vimos que, através da releitura das personagens femininas, constatamos que a romancista constrói Jane Bennet como submissa para mostrar a total aceitação do seu contexto legal, civil e político. E, ao mesmo tempo, constrói Elizabeth Bennet como subversiva, que é apresentada na narrativa com o intuito de refutar todas as ações opressoras ao seu gênero, inclusive com relação à instituição do casamento.
Descrição:
PONTES, Francisco Edinaldo de. Uma leitura das personagens Elizabeth e Jane em uma perspectiva feminista, no romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. 2019. 119 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Inglês) – Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2019.