Há ensino de escrita na Educação Básica? uma investigação a partir de relatórios de estágio supervisionado de observação

Abstract

Este trabalho foi norteado por quatro objetivos: i) verificar se há propostas de produção de texto escrito nas aulas de Língua Portuguesa na Educação Básica observadas por estagiários/professores em formação matriculados no curso de Letras Português, do Centro de Ciências Humanas e Exatas (CCHE), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); ii) observar se há ensino de escrita quando há proposição de produção de textos escritos; iii) identificar as estratégias didático-discursivas utilizadas quando há ensino de escrita; e iv) verificar as avaliações realizadas pelos estagiários sobre as propostas de produção de texto escrito. O referencial teórico está dividido em duas partes: na primeira, abordamos o ensino de escrita na Educação Básica (BUNZEN, 2005; COSTA VAL, 2003; KOCH e ELIAS, 2010) e a segunda parte fala sobre as estratégias didático-discursivas (PEREIRA, 2011). No aspecto metodológico, este estudo está situado na área da Linguística Aplicada e insere-se no campo das pesquisas de base qualitativa e documental. A partir de um corpus ampliado de 23 (vinte e três) relatórios de duas ofertas da disciplina “Estágio Supervisionado I”, nos turnos diurno e noturno, no semestre 2016.1, selecionamos a amostra de 13 (treze) relatórios que abordam a produção de textos escritos em sala de aula. A análise permitiu evidenciar que há produção de texto escrito nas aulas de Língua Portuguesa na Educação Básica: dos 13 (treze) relatórios de estágio analisados, foram identificadas 16 (dezesseis) produções de textos escritos no ensino médio e 6 (seis) no ensino fundamental. Entre os gêneros mais produzidos estavam: no ensino fundamental; artigo de opinião, texto sem gênero definido, artigo de divulgação científica e resumo. No ensino médio: texto sem gênero definido, conto, resumo, relato, artigo de divulgação científica, artigo de opinião, carta, cartaz, crônica, cordel e resenha. Das 16 (dezesseis) produções de texto escrito no ensino médio, 9 (nove) foram ensinadas e 7 (sete) foram requisitadas. No ensino fundamental, 4 (quatro) foram requisitadas e apenas 2 (duas) ensinadas. Ao observar o ensino de texto escrito, identificamos que as estratégias didático-discursivas apontam para dois caminhos: um voltado para a estrutura, ou seja, uma concepção que compreende a escrita com foco na língua; e o outro foca na função social do gênero, isto é, uma concepção interacionista. Por fim, no que se refere às avaliações feitas pelos estagiários das propostas de produção de texto escrito na Educação Básica, viu-se que, no ensino médio, 6 (seis) produções de texto não possuem registros de avaliação; e 10 (dez) as possuem; já no ensino fundamental, 5 (cinco) produções de texto escrito são avaliadas pelos estagiários e 1 (uma) não são avaliadas.