Apreensões de drogas ilícitas: Um estudo epidemiológico a partir da análise forense

Abstract

O uso de drogas apresenta uma tendência crescente, e por essa razão configura uma preocupação global. No Brasil o padrão de uso de substâncias ilícitas é semelhante à Europa. Em 2005, com 8,5% de índice de uso na vida, a Cannabis foi a droga ilícita mais mencionada pela população brasileira; seguida pelos solventes, estimulantes, cloridrato de cocaína e crack. O Brasil tem avançado consideravelmente no que se trata de políticas públicas relacionadas ao uso de drogas. Em 2006 foi aprovado o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas, que entre outras ações, objetivou incentivar a realização de pesquisas, para que através de resultados científicos comprovados, seja possível implementar ações públicas de redução da demanda e redução de danos. Este trabalho objetivou conhecer os tipos de drogas ilícitas apreendidas em Campina Grande, em 2017 e seu padrão de uso, além de caracterizar o perfil sociodemográfico dos indivíduos indiciados pela Lei 11.343 e verificar a distribuição espacial do seus endereços residenciais. Dentre as ocorrências analisadas, a Cannabis ocupou a primeira posição das apreensões, bem como o maior peso líquido de material apreendido. Aquém da Cannabis, a droga mais recorrente nos casos registrados foi o cloridrato de cocaína, seguida pelo crack, com pesos líquidos semelhantes, porém consideravelmente menores. A substância de menor ocorrência foi o “loló” (clorofórmio); com apenas 1 caso durante o ano de 2017. Através da análise do perfil sociodemográfico dos indivíduos autuados, foi possível constatar que a maioria pertence ao gênero masculino, com 77%. No que concerne à faixa etária, tem-se que a maior prevalência de indivíduos encontra-se entre 18 e 29 anos (63,1%). Em relação à situação no mercado de trabalho é possível observar que a maioria encontra-se desempregado. No que concerne ao nível de escolaridade é possível inferir que a maioria (82%) possui nível fundamental. Em relação a análise espacial, constatou-se que os bairros José Pinheiro e Monte Castelo apresentaram uma probabilidade significativa ao nível de 1% de influenciar os bairros vizinhos. Apesar da existência de políticas públicas sobre drogas, a problemática ainda persiste. Dessa forma, é necessário que a políticas públicas sejam acessíveis a todo o país e que haja a implementação políticas de prevenção ao uso de drogas e promover reinserção social.