Desvendando os amarrados: a condição feminina na peça Bagatelas de Susan Glaspell

Abstract

O presente trabalho tem o intuito de analisar a peça teatral Bagatelas, da escritora e dramaturga Susan Glaspell (1876-1948), sob uma perspectiva feminista, dando destaque a discussão de questões ligadas as relações de gênero, ao casamento como meio de opressão e silenciamento vivido pela protagonista Minnie, além de apontar a simbologia que a dramaturga utiliza como recurso para estabelecer uma crítica ao sistema patriarcal da época. Assim, para que o objetivo da pesquisa seja alcançado, o trabalho centrar-se-á em uma pesquisa bibliográfica e qualitativa, detendo-se, contudo, ao uso de postulados crítico-teóricos de autores como, Bachelard (1978), Jabboury (2007), Mangueira (2012), Sander (2007), Woolf (2019), Xavier (2012), Zolin (2009), entre outros. Observa-se que a Literatura foi um dos espaços utilizados pelo feminino como meio denunciar o modo inferiorizado e estereotipado a ele atribuído. Assim sendo, com as lutas empreendidas pela figura feminina no decorrer dos séculos XIX e XX em prol de direitos sociais e políticos, notam-se diversos avanços tanto dentro quanto fora do universo literário, tornando, dessa forma, a mulher dona de si e da sua própria história. Diante disso, a dramaturga Susan Glaspell, figura de suma importância no cenário literário norte-americano do século XX, ao revelar nas entrelinhas de Bagatelas, escrita em 1916, o modo opressivo e desdenhoso com o qual as mulheres eram tratadas pelo masculino, discute, sobretudo, as desigualdades de gênero presentes naquela determinada sociedade. Embora seja atribuído uma posição secundária as mulheres, Glaspell lança mão de um enredo diferente, isto é, apesar da Sra. Peters e da Sra. Hale não possuírem os mesmos conhecimentos atribuídos aos homens, de uma maneira sutil e irônica, são elas que ao se atentarem para os detalhes dos objetos dispostos na casa e principalmente na cozinha de Minnie acabam descobrindo todas as pistas a respeito do caso. Com isso, é válido salientar que no texto de Glaspell há uma subversão silenciosa e sutil representado pelas mulheres. Elas desvendam o caso, escondem as pistas que incriminam Minnie e não contam nada para os homens, rompendo, assim, com as amarradas patriarcais.