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A presente pesquisa tem como objetivo principal analisar os modos de subjetivação e
objetivação de sujeitos Trans/Travestis em situação de rua na página do
#PorojetoExistimos no Instagram. Além disso, procuramos (i) averiguar como os
sujeitos Trans em situação de rua, na página do #ProjetoExistimos, subjetivam-se
através de suas próprias narrativas e (ii) interpretar como as legendas da página
objetivam os sujeitos Trans em situação de rua. O #ProjetoExistimos é uma ação que
visa conseguir doações e/ou oportunidades para sujeitos Trans e Travestis em
situação de rua, na cidade de São Paulo, seu material é divulgado em forma de vídeo
para que possa ser compartilhado para o maior número de pessoas, geralmente são
vídeos curtos, com as histórias cruéis enfrentadas por pessoas Trans e Travestis, que
(se) emocionam ao narrar suas experiências que transpassam questões de gênero,
identidade, rejeição e a miséria das ruas. Entendemos que os sujeitos Transexuais e
Travestis por um longo tempo foram, e continuam sendo, invisibilizados e suas
identidades constantemente são associadas à prostituição e à pornografia, como se a
única forma destes sujeitos existirem se dessem pela disponibilidade e objetificação
de seus corpos, uma ideia estruturada que (re)produz uma realidade violenta,
excludente e mortal. Nesse sentido, destacamos a importância da hipervisibilidade
midiática, produzida através das relações de poder, saber e verdade, e capaz de criar
possibilidade para a desconstrução dessa imagem negativa que caracteriza a
existência Trans e Travesti, uma vez que, a internet permite que esses sujeitos
possam narrar suas experiências, trabalhar e até atingir um status de fama. A principal
referência teórica desta pesquisa é Foucault (2020, 2003) devido suas reflexões sobre
as relações de poder, discurso e o impacto das relações entre os poderes, os corpos
e as sexualidades. Para compreender melhor sobre gênero e transexualidade,
fundamentamo-nos em Bento (2016), Butler (2018), Lima (2013) e sobre a ascensão
dos sujeitos através das mídias digitais nossa discussão toma como base Silva (2016)
e Sibilia (2008). Este é um estudo descritivo-interpretativo cuja análise é qualitativa e
para sua realização foram selecionados dois vídeos no perfil do #ProjetoExistimos no
Instagram: ALICE – 29 DE MAIO 2020 e CHIARA – 07 DE JUNHO 2020. Com as
análises podemos perceber os modos de subjetivação e objetivação que são
produzidos pelas narrativas dos próprios sujeitos Trans e Travestis, assim como por
meio das legendas, levando-nos a problematizar questões políticas, sociais e
biopolíticas que dizem respeito aos corpos e sexualidades marginalizadas. |
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