Comparação da percepção da comunidade local em relação à biodiversidade do Rio Boa Vista - PB

Abstract

O Bioma Caatinga ao longo dos anos vem sofrendo com a ação antrópica, as matas são derrubadas para fins variados como: o pastoreio, policulturas e monoculturas e a transformação da madeira para estacas, carvão e o abastecimento dos fornos das padarias, entre outros. Com isto a flora e a fauna cada vez mais estão sendo dizimados, o que acarreta no desaparecimento da biodiversidade deste bioma brasileiro. Este trabalho teve por objetivo descrever a estrutura da comunidade vegetal ciliar do Rio Boa Vista, e listar as espécies que estão ameaçadas de extinção da caatinga de acordo com a percepção ambiental das comunidades rurais do município de Boa Vista – PB. A descrição da estrutura da comunidade vegetal foi realizada através dos parâmetros fitossociológicos: densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), frequência absoluta (FA), frequência relativa (FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), valor de importância (VI). Para listar a biodiversidade ameaçada de extinção foi realizado um trabalho retratando uma pesquisa participante com as Comunidades de Bravo, Urubu, Coréia, Puxinanã e Algodão. O trabalho se caracterizou como uma pesquisa de cunho Qualitativo e de caráter descritivo, e como pré-requisitos teórico-metodológicos utilizaram-se elementos do estudo do meio, da percepção ambiental e da fenomenologia. Foram amostrados 10 indivíduos com DAP ≥ 10 cm, pertencentes a 3 espécies, contidos em 3 famílias, Estabeleceu-se um transecto de 10 x 20 m, com área total equivalente a 0,02 ha. Foram encontrados 10 indivíduos, pertencentes a 3 espécies, contidas em 3 famílias. De acordo com os dados coletados a algaroba (Prosopolis juliflora D.C.) representa uma espécie com ampla freqüência na área, caracterizando seu intenso grau de invasibilidade em áreas antropizadas, basicamente toda a vegetação ciliar está desaparecida, foi verificado assoreamento e várias erosões em vários pontos do rio, em penas em alguns pontos percebeu-se a presença da craibeira (Tabebuia áurea) e ingazeira (Inga bahiensis) e representantes da vegetação nativa da região. Segundo os moradores das comunidades algumas espécies de animais e vegetais estão desaparecendo e outras estão diminuindo a ocorrência ao longo dos anos. Dentre a biodiversidade citada pela população das comunidades estudadas estão o tatu bola (Tolypeutes tricintus), arara (Anodorhynchus spixii), gato-do-mato (Leopardus tigrinus), gato maracajá (Felis wiedii), suçuarana (Felis concolor), aroeira (Myracroduon urundeuva) e baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), biodiversidade esta considerada em vias de extinção ou extinta na região pelos agricultores, e estão incluídos na Lista Oficial da Instrução Normativa nº 003 de 2003 para animais ameaçados de extinção e Instrução Normativa nº 6 de 2008 para plantas ameaçadas de extinção. Verificou-se que o desmatamento das áreas nativas e a caça predatória são um dos principais motivos que contribuem com o aumento de espécies ameaçadas de extinção.