Resumo:
As informações sobre o tempo transcorrido desde a morte de um indivíduo vítima de homicídio até o encontro de seu corpo podem ser cruciais para a resolução do crime. Esse tempo pode ser estimado calculando-se o Intervalo Post-Mortem (IPM) com base no tempo de desenvolvimento dos insetos que colonizam o cadáver. O presente estudo objetivou realizar a estimativa do IPM de cadáveres humanos de nove municípios paraibanos. A coleta dos insetos ocorreu entre outubro de 2017 e maio de 2019, em corpos que foram encaminhados ao Núcleo de Medicina e Odontologia Legal do Instituto de Polícia Científica da Paraíba em Campina Grande. Após a coleta, os imaturos foram levados ao laboratório de Sistemática e Bioecologia de Insetos, da Universidade Estadual da Paraíba, momento em que foram acondicionados em recipientes plásticos com tampa contendo carne bovina moída e maravalhas. Nesse meio, permaneceram até a emergência dos adultos. Os cadáveres, provenientes das mesorregiões da Mata Paraibana, do Agreste Paraibano, da Borborema e do Sertão Paraibano, encontravam-se nas fases gasosa, coliquativa e de esqueletização. Para a análise dos dados, foram avaliadas a frequência, dominância e constância das espécies. A estimativa do IPM foi realizada com base no cálculo do Grau Dia Acumulado (GDA). Dos 518 espécimes coletados, 510 eram dípteros da família Calliphoridae e oito Sarcophagidae. As espécies inventariadas foram Cochliomyia macellaria (63,51%), Chrysomya albiceps (20,27%), C. megacephala (11,97%), C. putoria (2,7%), Peckia (Sarcodexia) lambens (0,97%) e Peckia (Squamatodes) ingens (0,58%). Peckia (Squamatodes) ingens foi registrada pela primeira vez colonizando cadáveres humanos na região Neotropical. O Agreste Paraibano foi a mesorregião em que foi registrada a presença de todas as espécies supracitadas. O caso 1, cujo corpo estava em fase gasosa, foi o que apresentou a maior representatividade de espécies. Assinaladas em todas as mesorregiões paraibanas, Cochliomyia macellaria e Chrysomya albiceps foram consideradas espécies dominantes e constantes, sendo a primeira muito frequente. Para realizar os cálculos da estimativa do IPM mínimo dos cadáveres foram utilizadas as espécies Cochliomyia macellaria, Chrysomya albiceps e C. megacephala. O confronto entre os IPMs estimados por métodos médico-legais e o entomológico demonstrou discrepâncias em alguns casos, haja vista que a Medicina Legal se baseia unicamente nos fenômenos cadavéricos e a Entomologia Forense, no cálculo de uma variável matemática independente daqueles fenômenos. Tais resultados contribuem para reiterar o papel da Entomologia Forense como ferramenta mais precisa para se estimar o IPM e expandir o conhecimento das espécies necrófagas da Paraíba.
Descrição:
GUIMARÃES, S. E. F. Entomologia forense e estimativa do intervalo post-mortem mínimo: Aplicações no estado da Paraíba. 2019. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.