Resumo:
Em 2015 constatou-se uma epidemia de microcefalia que posteriormente foi compreendida
como uma das várias condições clínicas que circunscrevem o diagnóstico da Síndrome
Congênita do Vírus Zika (SCVZ). A partir de então, alguns estudos foram realizados
principalmente sobre aspectos relacionados à epidemia e seus determinantes biológicos e
sociais. Considerando este cenário e o pequeno número de pesquisas que abarcam a
experiência da tema paternidade no contexto da deficiência, este estudo teve o intuito de
analisar o coping de pais cujos filhos foram acometidos pela SCVZ. Como referencial
teórico, recorreu-se à Teoria Motivacional de Coping (TMC), proposta por Ellen Skinner e
colaboradores, na década de 1990, que compreende o coping como à possibilidade do
indivíduo adaptar-se e desenvolver estratégias de enfrentamento para lidar com mudanças
que acontecem na vida que ameaçam, desafiam ou excedem a capacidade psicológica e
biológica das pessoas. Participaram da pesquisa cinco pais de filhos diagnosticados com a
Síndrome Congênita do Vírus. Como instrumento de coleta foi utilizada uma entrevista
semiestruturada cujos dados foram analisados a partir da proposta de análise de conteúdo
temático-categorial. A análise dos dados permitiu identificar quatro estressores nas
experiências de paternidade: diagnóstico, desenvolvimento e tratamento da criança, baixa
renda familiar e trabalho. No intuito de enfrentarem o estressor diagnóstico, os pais
recorreram principalmente a estratégias da família de coping busca de informações. O
desenvolvimento e tratamentos dos filhos evocou estratégias vinculadas a resoluções de
problemas, autoconfiança e busca de suporte. Para lidarem com a questão da baixa renda
familiar recorreu-se a estratégias que indicavam o processo de resolução de problemas e
para lidar com as questões do trabalho, adotou-se estratégias vinculadas à acomodação e à
delegação. Pode-se dizer que os pais utilizaram majoritariamente estratégias que, em uma
análise processual, seriam consideradas adaptativas, uma vez que fazem parte das famílias
de coping intituladas busca de informações e resolução de problemas. Todavia, embora
menos frequentes, também foram identificadas estratégias vinculadas à família fuga
relacionadas ao estressor desenvolvimento e tratamento da criança. Acredita-se que
estratégias relacionadas à fuga possam, caso persistam, dificultar o processo adaptativo a
esta nova experiência. Ressalta-se a necessidade de intervenções no sentido de reforçar
estratégias que promovam processos adaptativos bem como reduzam estratégias que podem
desenvolver processos desadaptativos e adoecimento.
Descrição:
COSTA, K. P. S. Coping e paternidade: uma investigação no cenário da Síndrome Congênita do Vírus Zika. 2019. 23 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.