dc.description.abstract |
Cassis tuberosa é um predador de equinodermos que, por ter uma concha explorada
para diversos fins, está listado na categoria “quase ameaçado” segundo a Lista da
Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Assim, caracterizar a estrutura populacional
de C. tuberosa e suas interações presa- predador é fundamental para a criação de
políticas de manejo da espécie. Foram realizadas 26 amostragens, 13 diurnas e 13
noturnas, delimitadas por transectos (200 m2
/transecto), no qual eram procurados os
gastrópodes, anotados seus comportamentos e o comprimento da concha. Também
se obteve as dimensões e abundância de suas presas equinoides selecionados a
partir de quadrados de 1m2 delimitados aleatoriamente dentro do transecto. A
caracterização dos padrões de perfuração deixados por C. tuberosa ocorreu através
da coleta de esqueletos de equinoides na área de estudo. A densidade do predador
foi considerada alta (119,23 ind/ha diurno e 296,15 ind/ha noturno), havendo
diferença significativa quando se comparou as abundâncias entre dia e noite (W=71;
p=0,012). Os indivíduos apresentaram comprimento de concha médio de 13,27 cm
(±3,62) e desenvolveram uma maior porcentagem de comportamentos ativos
durante a noite (55,9%). Das duas espécies de presa analisadas, Mellita
quinquiesperforata foi mais abundante e mais consumida durante os eventos de
predação. Observou-se uma proporção de 1.485 M. quinquiespeforata para cada C.
tuberosa avistado durante o dia e 512 indivíduos durante a noite; e 63 Encope
emarginata para cada gastrópode durante o dia e 70 indivíduos durante a noite. Não
houve correlação significativa entre o tamanho do predador e o tamanho de suas
presas equinoides (r=0,158; p=0,282, para M. quinquiesperforata; r=0,088, p=0,86
para E. emarginata), entre o tamanho do predador e o tamanho do furo em E.
emarginata (r=0; p=1), assim como quando correlacionou-se o tamanho do furo e o
tamanho das presas (r=0,068, p=0,641 para M. quinquiesperforata; r=0,852, p=0,133
para E. emarginata). Houve somente correlação entre o tamanho do predador e o
comprimento de M. quinquiesperforata (r=0,55; p=4,372E-05). Para os esqueletos
coletados, houve diferença significativa entre esqueletos com e sem evidências de
perfuração (p=0,004), com 80% dos esqueletos predados de M. quinquiesperforata
com furo oral e também 80% com furo central. Para E. emarginata, 80% dos furos
estavam na superfície oral e 60% na região central. Assim, provavelmente, a área
estudada atua como região de recrutamento da espécie, além de ser uma espécie
importante no equilíbrio marinho, visto que a sua captura pode ocasionar um
rompimento em tais relações ecológicas. |
pt_BR |