Resumo:
O envelhecimento humano torna-se um processo dinâmico e progressivo que envolve alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas do corpo, resultando na prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, que requer a utilização de vários medicamentos de uso contínuo. O cuidado farmacêutico visa implantar estratégias para identificar e solucionar os problemas relacionados aos medicamentos. Este trabalho teve como objetivo principal avaliar a farmacoterapia em prescrições de usuários idosos portadores de doenças crônicas não transmissíveis. Tratou-se de um estudo transversal, realizado na Unidade Básica de Saúde Bonald Filho, em Campina Grande-PB, no período de janeiro à abril de 2021. As variáveis independentes abrangeram características sociodemográficas, clínicas, físicas e farmacoterápicas e o desfecho foi medicamento classificado como Medicamentos Potencialmente Inapropriados para Idosos (MPII) pelo Consenso Brasileiro. A presença de comorbidades foi determinada através do Índice de Comorbidade de Charlson, as características funcionais através do Vulnerable Elders Survey (VES-13), a complexidade da farmacoterapia, mensurada pelo Medication Regimen Complexity Index (MRCI) e a presença de polifarmácia (uso de quatro ou mais medicamentos). Utilizou-se a estatística descritiva, com apresentação de frequências simples ou absolutas e percentuais para as variáveis categóricas. Para os testes de associação entre a presença de MPII e as variáveis independentes utilizou-se o teste Exato de Fisher nos casos onde as frequências esperadas foram menores que 5, considerando o nível de significância de 5% (p<0,05). Todas as análises foram realizadas com o auxílio do software estatístico R. Participaram 28 pacientes com idade >60 anos. A amostra foi constituída principalmente por mulheres (78,57%), a maioria possuía companheiro (a) (57,14%) e tinha idade de 60-69 anos (50%). Com relação as variáveis clínicas, (50%) dos idosos apresentavam Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) associada ao Diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Também foi importante destacar que 26 dos idosos (92,86%) apresentavam alterações na Taxa de Filtração Glomerular estimada (TFGe). Baseado no VES-13 apenas 01 idoso encontrava-se em condições de vulnerabilidade, enquanto que 27 deles era independente para atividades básicas da vida diária (96,43%). A polifarmácia foi identificada em 13 prescrições (46,43%), a presença de MPII em 8 (28,57%) pacientes, representados por glibenclamida, clonazepam e omeprazol. O número máximo de MPII/paciente foi de 7,14%, 8 pacientes (28,57%) em uso de quatro tipos de medicamentos e em apenas 4 (14,29%) foi registrado alto risco de complexidade da farmacoterapia. A associação entre a presença de MPII e as variáveis independentes não foi considerada positiva (p>0,05). Foi importante identificar os MPII nas prescrições avaliadas e elaborar o plano de cuidado contribuindo para um melhor desempenho da equipe multidisciplinar da unidade básica de saúde e consequentemente numa farmacoterapia eficaz para o idoso. É necessário ampliar o cuidado a esse grupo etário de forma interdisciplinar, atuando de maneira preventiva, proporcionando uma melhor qualidade de vida, retardando e sobrepondo-se às incapacidades e aos limites alusivos à idade, trabalhando e pondo em prática as políticas públicas existentes visualizando o idoso multidimensionalmente.
Descrição:
ARAÚJO, M. F. G. Contribuições do Farmacêutico na avaliação farmacoterapêutica do idoso. 2021. 59f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2021.