(15/12/2021) A autotranscendência de profissionais da saúde do Brasil no ápice da crise da pandemia da Covid-19

Abstract

A pandemia da Covid-19 provocou mudanças globais nos contextos sociais, econômicos e no âmbito da saúde. Com a facilidade de propagação do vírus, os hospitais superlotaram, convocando assim os profissionais da saúde para atuarem frente à nova enfermidade, muitas vezes abrindo-se aos valores e ao sentido fora de si mesmos, o que configuramos como um fenômeno de autotranscendência. Nessa perspectiva, a presente pesquisa tem como objetivo averiguar as contribuições da autotranscendência no trabalho de profissionais de saúde brasileiros diante da pandemia da Covid-19, doença viral revelada pela primeira vez em dezembro de 2019 na China. Diante disso, o estudo é de suma importância tendo em vista que os profissionais estão lidando com a finitude e consequências da pandemia tanto em aspectos profissionais quanto pessoais. Tais circunstâncias podem lhe fazer questionar sobre o sentido e valor do seu trabalho diante do contexto pandêmico. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa documental em três portais de notícia de grande destaque no Brasil: BBC Brasil, G1 e UOL. Logo, a pesquisa compreende-se mediante uma busca ativa por discursos que expressam sinais de autotranscendência nas vivências dos trabalhadores da área da saúde durante a segunda onda do combate da Covid-19. A coleta de dados foi realizada durante o período de 01 de Fevereiro a 31 de Julho de 2021, sendo encontrados discursos referentes a 130 profissionais da saúde. Para análise de dados, foi utilizada a Análise de Conteúdo Temática de Bardin e Planilhas Google, para estatísticas simples. Ao que concerne os resultados, foram percebidos 272 narrativas demonstrando a presença da autotranscendência. Os relatos analisados foram classificados em suas respectivas classes temáticas, sendo elas: Diferenciação, Afetação, Entrega e Autodirecionamento. Desse jeito, os resultados tiveram como base de argumentação a Logoterapia e Análise Existencial, levando ao entendimento que apesar dos impactos negativos sobre a saúde mental, física e emocional que rodeiam os profissionais da saúde na segunda onda da pandemia, eles continuam transcendendo-se frente ao outro e ao seu trabalho.