Processo de capacitação e educação permanente para enfermeiros para prescrição de medicamentos na Estratégia de Saúde da Família

Abstract

A prescrição de medicamentos pelos enfermeiros (PME) é um elemento que contribui para a profissão na Atenção Primária à Saúde (APS). No Brasil, essa atribuição ampara-se em leis que regulamentam a profissão, estabelecendo como atividade do enfermeiro integrante da equipe de saúde. Objetivo: identificar, segundo enfermeiros da Atenção Básica, os fatores facilitadores, principais barreiras e as estratégias para a prescrição de medicamentos, considerando o contexto do trabalho em equipe, a formação, a educação permanente em serviço para a institucionalização do uso da evidência científica na PME na Estratégia Saúde da Família. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, realizada por meio de um estudo de caso no Estado da Paraíba, na região nordeste. Os campos de pesquisa foram as unidades de Saúde da Família de 12 municípios-sede de Gerências Regionais de Saúde. A coleta se deu por meio da entrevista semiestruturada com 35 enfermeiros. Os dados foram organizados no software Atlas ti. Para todo o conjunto de dados foi utilizado a análise de conteúdo. Resultados: A dimensão Processo de capacitação e Educação Permanente em Saúde deu origem a sete categorias e dezenove subcategorias. Os dados evidenciaram que a maioria dos enfermeiros realizam a prescrição de medicamentos, mas não receberam capacitação específica e permanente; apenas a formação acadêmica não é suficiente para o desenvolvimento de uma prática segura; sobre os conhecimentos clínicos e farmacológicos as enfermeiras buscam se apropriar dos protocolos para sanar dúvidas e instruir os usuários; a maioria dos profissionais compartilham a prescrição com o profissional médico; a maior parte dos enfermeiros possuíam conhecimento sobre as legislações que regem a prática; a responsabilidade pela aprendizagem foi atribuída ao próprio profissional, a formação acadêmica e a experiência de trabalho. Conclusão: É preciso que ocorra uma aplicabilidade efetiva do processo educativo e investimentos na formação dos profissionais, por meio da educação permanente em saúde, como também, reestruturar as políticas educacionais nos cursos de graduação para sanar os desafios de trabalho na prática prescritiva, pois da forma como vem sendo realizada, a formação acadêmica isolada não se mostra eficaz para a realização da prática de prescrição de medicamentos, implicando em profissionais inseguros dando margem à não realização da PME.