Aspectos hemodinâmicos de adolescentes escolares com excesso de peso

Abstract

As modificações no estilo de vida, sobretudo com o aumento da inatividade física e dos hábitos alimentares inadequados, vêm contribuindo para o aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade, com consequente aparecimento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica e a elevação da frequência cardíaca, inclusive em fases precoces do ciclo da vida. O presente estudo teve como objetivo avaliar variáveis do perfil hemodinâmico (pressão arterial e frequência cardíaca) de adolescentes com excesso de peso antes de realizarem uma intervenção com exercício físico. Trata-se de um estudo transversal aninhado em um estudo de intervenção realizado com escolares entre 10 e 16 anos 11 meses e 29 dias de idade, que apresentaram sobrepeso ou obesidade, matriculados no Ensino Fundamental II de escolas públicas do município de Campina Grande-PB. A coleta de dados foi realizada no segundo semestre de 2018. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas (idade, raça/cor, classe econômica e escolaridade materna), antropométricas (peso, estatura e circunferência abdominal) e clínicas (pressão arterial e frequência cardíaca). Os dados foram validados no Epi Info 5.4.3 e analisados no SPSS 22.0, sendo aplicado o teste do qui- quadrado de Pearson, teste de Kolmogorov-Smirnov e o teste t de student. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 84019518.3.0000.5187), REBEC (U1111-1209- 0463) e Clinical Trials (NCT03532659). Foram avaliados 73 adolescentes, dos quais 54,8% eram do sexo feminino, 58,9% classificados com sobrepeso e 63,0% com adiposidade abdominal. Do total, 38 adolescentes (52,1%) apresentaram alteração da pressão arterial, sendo que 29 (39,7%) tinham alteração na pressão arterial sistólica e 25 (34,2%) na diastólica. Não foram identificadas alterações da frequência cardíaca de repouso. Em se tratando de uma população jovem e classificada como saudável, apesar do excesso de peso, a elevada presença da adiposidade abdominal e de alterações na pressão arterial indicam a necessidade de intervenções precoces, a fim de evitar a instalação de doenças crônicas já na adolescência.