Diversidade beta de peixes em reservatórios semiáridos em um período de seca prolongada

Abstract

O aumento da temperatura global conjuntamente com as mudanças climáticas leva a maiores ocorrências de eventos extremos como secas e inundações, por tanto, detectar os seus impactos nas comunidades biológicas é um foco importante da ecologia e conservação. O fenômeno da seca prolongada promove a redução do volume hídrico e a desconectividade em reservatórios do semiárido. Além disso, este fenômeno promove efeitos diretos nos peixes a exemplo da reorganização espacial destes indivíduos, impedimento da migração e efeitos na tolerância fisiológica ocasionando em uma comunidade e características ambientais heterogêneas. Mudanças na comunidade de peixes podem ser detectadas através da análise da beta diversidade uma vez que, esta análise permite além de observar diferenças na comunidade entre locais, analisar o padrão de distribuição das espécies e o impacto de estressores ambientais como a seca. Diante do exposto, esse trabalho objetiva analisar os padrões da beta diversidade de peixes em reservatórios do semiárido em um período de seca prolongada. Nossas hipóteses são que (i) em período de seca prolongada a diversidade beta dos peixes é alta devido a alta heterogeneidade ambiental entre os reservatórios; II) a diferença de riqueza seja o componente que melhor explique os padrões da β-diversidade da comunidade de peixes, haja vista que o cenário do isolamento no período de seca em que esses reservatórios se encontram, pode ocasionar na perda de espécies. O estudo foi realizado nos reservatórios Mucutú, Poções, Camalaú, Boqueirão e Acauã na bacia do rio Paraíba do Norte/Paraíba/Brasil. O período amostral compreendeu os meses julho, setembro e novembro de 2016 e fevereiro de 2017. Os peixes foram coletados utilizando redes de espera de diferentes tamanhos ao longo de 3 pontos em cada reservatório. Variáveis físicas e químicas foram coletadas nos mesmos pontos em 3 profundidades. Essas variáveis foram resumidas em uma única variável chamada heterogeneidade ambiental. Houve aumento da diversidade beta entre os reservatórios ao longo do período amostral, bem como, a inversão da contribuição dos componentes da diversidade beta uma vez que, antes de fevereiro de 2017 a substituição explicou melhor a diversidade beta dos peixes e em fevereiro de 2017 a diferença de riqueza teve maior explicabilidade. Além disso, os reservatórios apresentaram condições homogêneas. Porém, houve segregação clara entre Mucutú e os demais reservatórios significativamente testados, todavia, este padrão não foi suficiente para induzir heterogeneidade ambiental entre os reservatórios. Por tanto, nossos resultados evidenciam a necessidade da implementação de planos de conservação e manejo em todos os sistemas sobretudo em Camalaú. Além disso, podem servir como predição dos impactos das secas em reservatórios de sistemas temperados susceptíveis à redução de volume hidríco frente as mudanças climáticas globais.