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O acolhimento é entendido como uma diretriz ética, estética e política da Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Tem sua definição baseada na recepção do usuário no serviço de saúde, compreendendo a escuta qualificada das queixas e angústias, responsabilização dos profissionais pelos usuários e garantia de assistência resolutiva, com retaguarda de outros serviços de saúde na continuidade do cuidado (GARUZI, 2014).
Neste sentido, pode-se dizer que o acolhimento está presente em todas as relações, logo, acolher é reconhecer que o outro traz consigo uma bagagem legítima e singular sobre suas necessidades de saúde. O acolhimento sustenta a relação entre as equipes de saúde e os serviços, entre as equipes e os usuários e entre os serviços e a população, na qual constroem-se as práticas de saúde de forma coletiva, objetivando construir confiança, compromisso e vínculo entre os atores envolvidos nesse processo (SILVA et al, 2018).
A oferta do acolhimento em saúde mental surge a partir da necessidade de acolher os usuários portadores de algum sofrimento psíquico, reconhecendo-se as particularidades e as necessidades em saúde mental destes. Esta estratégia é utilizada como dispositivo de transformação no processo de trabalho das equipes de saúde, além disso, potencializa as novas formas de cuidar em saúde mental, bem como, as discussões sobre as práticas e concepções sobre a assistência prestada ao usuário em sofrimento mental (MINÓIA; MINOZZO, 2015).
No entanto, é possível observar algumas fragilidades na operacionalização do acolhimento na atenção básica, entre elas, destaca-se a compreensão do acolhimento enquanto espaço físico, uma sala, por exemplo, no qual deve ser realizado apenas na chegada dos usuários aos serviços de saúde e comente realizado pelos profissionais de saúde, assemelhando-se ao processo de triagem, diminuindo-se assim a complexidade real do acolhimento. Além disso, outro problema sobre a funcionalidade do acolhimento nos serviços de saúde é o julgamento que muitos profissionais de saúde fazem diferenciando algumas pessoas, principalmente as que apresentam sofrimento psíquico, nos quais recebem classificação, generalização e até mesmo exclusão nos serviços (SILVA et al, 2018). Logo, o acolhimento possibilita a humanização do atendimento, garantindo também o acesso a este. Acolher é dar atenção aos problemas de saúde do usuário, de modo que seja oferecido ao usuário um feedback que proporcione a resolução do problema ou encaminhamento a um serviço de referência. Ademais, o compromisso com o problema de saúde identificado vai muito além da resolução do mesmo, pois, é possível promover o estabelecimento do vínculo necessário entre o usuário e a
equipe de saúde, repercutindo em relações de reciprocidade (LOPES et al, 2015).
Ressalta-se ainda que, mesmo observando o avanço das práticas de saúde ao longo dos anos após a implantação do SUS, muitos são os impasses e problemas enfrentados na rede de atenção à saúde. Com relação ao acolhimento, têm-se de um lado os usuários que buscam respostas para os seus problemas e do outro os profissionais que não conseguem responde-los utilizando os instrumentos e recursos disponíveis e que são preconizados pelos SUS. O resultado dessa problemática reflete na implementação conflituosa e contraditória do acolhimento nos serviços de saúde (CAMELO et al, 2016).
Assim, pergunta-se: como o acolhimento vem sendo abordado na literatura científica em saúde? Para isso, objetivou-se neste artigo revisar a literatura acerca do acolhimento em saúde mental nos serviços de saúde brasileiros e elucidar as contribuições deste para as práticas assistenciais da Estratégia Saúde da Família. |
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