Paraíso, purgatório ou inferno? A invenção de Serrinha na década de 60

Abstract

O presente artigo tem por objetivo analisar e discutir as diferentes representações atribuídas a comunidade conhecida como Serrinha, assim como analisar a obra Serrinha: Aspectos Antropossociais de Uma Comunidade Nordestina do antropólogo Waldemar de Figueiredo Valente, e sua visão a respeito do local. Serrinha é o local em que se encontram o município de Juripiranga-PB e o distrito de Ibiranga-PE, divisões que só ficaram realmente claras após a emancipação de Juripiranga. Vamos analisar o período que se estende por praticamente toda a década de 1960 em que Serrinha ficou conhecida como Paraíso dos homens, ou ainda, Paraíso dos homens e inferno das mulheres. Veremos como o antropólogo Waldemar Valente vai ser atraído para essa comunidade e irá analisa-la sob critérios das ciências sociais e da Antropologia, com auxilio do instituto Joaquim Nabuco, levantando dados e informações. Ao analisar a obra veremos em muitas passagens o antropólogo fazendo juízo de valor sobre o local, de forma, muitas vezes, ríspida, tal procedimento fará parte de sua análise. Veremos como os moradores da região reagiram ao termo pejorativo paraíso dos homens, dado a eles e ao local pelos viajantes e caminhoneiros. Discutiremos a visão do Antropólogo ao afirmar que Serrinha em vez de paraíso poderia ser inferno dos homens ou purgatório. Através de fontes bibliográficas faremos uma discussão utilizando também o pensamento de Michel de Certeau para entender como esse local foi inventado e quais representações foram criadas sobre os moradores e sobre o local. Representações essas feitas por pessoas que não conheciam ou conviviam em Serrinha. Iremos analisar também o discurso científico e juízo de valor feito pelo pesquisador pernambucano.