Expressão de imunoglobulina e salivar em pacientes com neoplasia maligna de cabeça e pescoço nos períodos pré e trans tratamento antineoplásico: Um estudo prospectivo

Abstract

O tratamento antineoplásico para tumores na região de cabeça e pescoço muitas vezes incorpora a realização de radioterapia e quimioterapia. Esses tratamentos podem trazer diversas consequências aos indivíduos, como a redução do fluxo salivar e resposta imune deficiente. As imunoglobulinas representam o principal mecanismo de resposta imune específica da saliva. A redução da concentração de imunoglobulinas na saliva, a exemplo da Imunoglobulina E (IgE), tem impacto direto sobre a formação do biofilme oral em pacientes sob tratamento antineoplásico. Objetivos: Analisar a expressão da IgE salivar em pacientes com neoplasia maligna de cabeça e pescoço, antes e durante o tratamento antineoplásico, e correlacionar com os parâmetros clínicos. Métodos: Estudo observacional, prospectivo, com amostra constituída por 45 pacientes com neoplasia maligna de cabeça e pescoço, diagnosticados em dois hospitais oncológicos da Paraíba. Os dados clínicos foram obtidos dos prontuários. Os pacientes foram submetidos à coleta de saliva estimulada, antes (F1) e durante (F2) o tratamento. Kits de detecção enzimática (LABTEST®) de IgE e microplacas estéreis de 96 poços foram utilizados para mensuração colorimétrica com nível de absorbância de 540 nm, através do leitor de placa Ez Reader®. Os dados foram analisados quantitativamente pelo Software Galapagos® e estatisticamente pelos testes T e Mann-Whitney (p<0,05). Resultados: Dos 45 pacientes, 64,4% (n=29) eram do sexo masculino, 88,9% (n=40) tinham mais de 40 anos de idade, 35,5% (n=16) eram fumantes e alcoolistas e 62,2% (n=28) diagnosticados em estágios clínicos avançados (III/IV). Quanto ao local da lesão, 44,4% (n=20) estavam em região intra-oral, e 95,5% (n=43) de todos os casos eram neoplasias epiteliais. No tocante ao fluxo salivar, 66,6% (n=30) tinham hipossalivação na F2. Observou-se diferença significativa no fluxo salivar estimulado entre F1 (1 ml/min) e F2 (0,88 ml/min) (p<0,001), bem como da IgE entre F1 (0,28 mg/ml) e F2 (0,21 mg/ml) (p<0,001). Houve associação significativa da expressão da IgE salivar com o sexo e idade dos pacientes, hábitos nocivos, tamanho do tumor, metástases em linfonodos regionais e estadiamento clínico. Conclusões: Pode se inferir que o tratamento antineoplásico para neoplasias malignas de cabeça e pescoço reduz o fluxo salivar, bem como a concentração de IgE salivar, principalmente em tumores com estágios avançados, tornando, assim, o meio bucal propício ao surgimento de infecções.