A representação feminina nos filmes de terror O exorcista e Hereditário: uma análise comparativa entre as personagens Regan MecNeil e Annie Graham

Abstract

A presente pesquisa busca discutir a representação feminina no cinema de terror a partir da análise das personagens Regan McNeil, do filme O Exorcista (1973), e Annie Graham do filme Hereditário (2018). Os filmes citados são nomes relevantes no universo cinematográfico, principalmente do gênero terror uma vez que trazem em sua constituição temas que estão além daquilo que é perceptível, ou seja, pautas e temáticas sociais que transcende a questão do medo e do sobrenatural. Desse modo, buscamos compreender como os corpos femininos são representados no que concerne ao processo de possessão que apresenta uma suposta fragilidade feminina, levando em consideração aspectos sociais, culturais e temporais. Para atingir o objetivo, esta pesquisa engloba discussões referentes ao cinema – em específico ao gênero terror; as representações femininas de Lilith e Eva no tocante a Bíblia e a objetificação da figura feminina. O marco teórico desenvolvido neste estudo apresenta as considerações de estudiosos como Kristeva (1982), Nogueira (2010), Beauvoir (2014), Sabadin (2018), Roubles (2019), entre outros pesquisadores que tem contribuído na área de cinema e representação feminina. Os diálogos da corpora e das teorias mostram que a ligação da figura feminina está relacionada a uma suposta fragilidade social que caracteriza as personagens em análise e isso pode justificar o porquê de seus corpos serem possuídos. Representadas como lar de demônios e canal do pecado na sociedade, a representação do corpo feminina tem sido e possivelmente será motivo para debates futuros sobre o tema, pois apesar de avanços significativos nas discussões acadêmicas e sociais – como os movimentos ativistas - que têm rompido com os paradigmas que colocam a mulher em uma posição de inferioridade, ainda tem muito que ser feito, já que na contemporaneidade o modo como enxergar-se a mulher ainda tem um grande poder diligente do sistema patriarcal. Dessa maneira, reconhece-se que a mulher está ligada a dor, ao medo e a prisão de não ter controle de seu próprio corpo como foi notado nas análises.