dc.description.abstract |
O Brasil tem registrado um crescimento expressivo nas incidências de sífilis gestacional (SG)
e congênita, representando, assim, um importante problema de saúde pública no país. A sífilis
é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo Treponema pallidum e exibe elevadas
taxas de transmissão vertical a depender da fase de gestação e gradação da doença materna.
Sendo assim, o objetivo desse estudo foi descrever o perfil epidemiológico dos casos
notificados de SG no território brasileiro, no período entre 2011 e 2020. Nessa perspectiva, foi
realizado um estudo epidemiológico de natureza observacional, descritivo e ecológico com
dados secundários de acesso aberto e domínio público obtidos no Departamento de Doenças de
Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em
Saúde. Por meio da seleção de múltiplos filtros, os dados foram avaliados comparando-se a
prevalência dos casos de SG e suas variáveis nas cinco macrorregiões do Brasil. No período
avaliado, 385.412 casos de SG foram notificados, com maior frequência no ano de 2018 (63.250
– 16,41%). O Sudeste foi a macrorregião brasileira que notificou a maior quantidade de casos
(179.359 – 46,5%). Além disso, identificou-se um aumento anual de casos notificados em todos
os anos, exceto em 2019 e 2020. Observou-se que a faixa etária mais acometida foi 20 a 29
anos de idade (205.697 - 53,3%), seguido de 15 a 19 anos (95.789 - 24,8%). A cor/raça parda
foi a mais prevalente (189.977 – 49,2%), seguido da branca (112.857 – 29,2%). Indígenas
(2.218 - 0,5%) e amarelos (3.513 - 0,9%) foram as cores/raças com menores taxas de SG
notificadas. No tocante a idade gestacional (IG), o primeiro trimestre apresentou o maior
número de diagnóstico de SG (138.938 – 36%). Aproximadamente um terço de todos os casos
notificados no período estudado (106.380– 27,6%) ignorou a informação “escolaridade” no
preenchimento do formulário de notificação. Constata-se que a categoria 5ª a 8ª série
incompleta foi a escolaridade mais comumente encontrada nos casos notificados (73.291 –
19%). Verificou-se, ainda, que a sífilis latente foi a classificação clínica mais frequentemente
detectada no período do estudo (119.636 – 31%), seguido da sífilis primária (108.832 – 28%).
Referente ao esquema de tratamento empregado, realizou-se 216.153 tratamentos, sendo o
esquema terapêutico com a penicilina benzatina mais empregado (212.470 – 89,7%). Concluise que os casos de SG cresceram significativamente no Brasil ao longo do tempo avaliado,
apresentando um perfil epidemiológico composto por adultas jovens, pardas e com baixa
escolaridade. Observou-se, ainda, fragilidade no preenchimento das fichas de notificação, o que
comprometeu a identificação da real situação desses agravos. Sendo assim, torna-se crucial uma
educação permanente para os profissionais, a fim de qualificar a vigilância da SG, com o intuito
de instituir identificação precoce, tratamento oportuno e acompanhamento efetivo. |
pt_BR |