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As fraturas que o evento da colonização deixou nas terras colonizadas excedem o
espaço geográfico. Marcas ideológicas, sociais e culturais demarcam rastros de um
colonizador que feriu a terra, o povo, e que potencializou desigualdades e
marginalizações dos sujeitos dessas sociedades. Frente a isso, objetivamos, neste
texto, discutir algumas das questões da colonização no contoCaniço (1988), de Lília
Momplé. Para isso, passaremos por alguns objetivos específicos: i) analisar a
construção identitária do negro no corpus selecionado; ii) compreender como, em
vias de denúncia, faz-se a literatura de Momplé; e iii) examinar os elementos
subjetivos que expõem as marcas e fraturas dos sujeitos marginalizados, aqui, o
negro. Justifica-se nossa pesquisa pela curiosidade e a escassez de trabalhos sobre
a literatura africana, bem como pelas semelhanças entre personagens
marginalizados presentes nas literaturas africana e brasileira. Buscamos, assim, dar
visibilidade à literatura da autora em questão, demonstrando principalmente novos
textos de língua portuguesa oriundos de países colonizados. Para este trabalho,
lançamos mão de teóricos como Nunes e Pereira (2021), Almeida e Bezerra (2020),
Almeida (2019), Proença Filho (2004), Almeida (2017), Alós (2011) e outros
pesquisadores que trazem discussões sobre a literatura africana. O conto analisado
demonstrou um tecido de representação e denúncia pertinente e que subjaz
questões proeminentes na construção da sociedade moçambicana. |
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