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As mulheres vivem uma luta constante por espaço na sociedade e dentro da academia. Mesmo que hoje elas componham a maior parte no corpo discente em cursos de graduação, os homens são maioria em posições de destaque em suas respectivas profissões. Esse fato intensifica o aumento da representação masculina dentro dos campos de pesquisa. Outro fator relevante nesse âmbito é a relação entre editores e autores, a influência dessa relação e como a homofilia pode interferir nas publicações de manuscritos. O meu objetivo foi verificar a representatividade de mulheres nas publicações e entender a influência da homofilia nas relações entre autores e editores. A minha amostra de dados totalizou 1492 artigos publicados pela Acta Botanica Brasilica (ABB), de 2003-2019, para quatro gestões de editores(as)-chefes (dois homens e duas mulheres). Para analisar a representatividade do sexo biológico, utilizei a Análise de Variância (ANOVA) com duas caudas (two way) e teste de Tukey como post hoc. Já para avaliar a representação geográfica, utilizei ANOVA com duas caudas sem repetição e teste de Tukey como post hoc. Para avaliar a diferença entre a quantidade de publicações com autoria exclusiva feminina e feminina e masculina, utilizei o teste t de Student. Eu verifiquei que há diferença significativa no número de autorias de mulheres e de homens nas publicações, sendo mulheres maioria tanto como líderes, quanto como orientadoras, e também que, a diferença entre o número de publicações por região brasileira/país está diretamente relacionada à filiação dos editores. O cenário apresentado pela Acta Botânica Brasílica em relação ao número de publicações femininas chama a atenção para a comparação com outros campos científicos, nos quais as mulheres são minoria. Esses números podem nos sugerir que a baixa representatividade feminina em outras vertentes científicas é derivada de fatores que vão além da competência ou qualidade do estudo e que podem se concentrar principalmente no preconceito entre os sexos. Em contrapartida, os editores têm tendência a aceitar artigos de autores que compartilhem a mesma região geográfica que eles. Portanto, essa inclinação, pode influenciar autores que tenham essas características a submeter seus estudos a este periódico, pois, a probabilidade de aceitação do manuscrito seria mais elevada que naqueles em que não há tal representatividade. Uma vez que as mulheres ocupam posições de prestígio como Editoras-chefes e editoras de área na ABB e que as mulheres figuram como mais representativas nas publicações, eu não verifiquei o viés homofílico para o sexo; do contrário, existe um viés homofílico relacionado à filiação geográfica. Dessa forma, recomendo a análise da filiação geográfica dos editores, sejam chefes ou associados antes de se investir em uma publicação na ABB. |
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