Resumo:
No cenário da Covid- 19 a rotina mundial sofreu drásticas transformações reafirmando o
papel necessário das ciências para com a comunidade, seja ela da saúde, exatas ou humanas,
essa última servindo de apoio para análises sociais e políticas. Sendo assim, o objetivo geral
do trabalho é discutir sobre as antigas epidemias que assolaram o interior paraibano,
principalmente nos oitocentos, atribuindo a elas um caráter construtor. Evidenciamos essas
características nos objetivos específicos, sendo eles: Observar a influência das epidemias na
construção imaterial da população enraizados pelos atos de fé; Evidenciar a construção
material desses espaços destacando a importância dos patrimônios ou trazendo a tona aqueles
que já não existem, catalogar e debater sobre os cemitérios de bexiguentos, analisando seu
caráter higiênico ou de exclusão, destacando ainda o potencial turístico e científico sobre um
olhar histórico- arqueológico desses ambientes. A metodologia utilizada está em leituras
especializadas, relatos dos moradores locais, pesquisas no livro de óbito de Cuité e região e
visitas as necrópoles, isso, enaltecendo o uso da Nova História para a formulação dessa
narrativa em diálogo com teóricos como Thompson e seu conceito de história vista de baixo,
que busca detalhes para além das fontes positivistas, vale salientar que sem dispensar o uso e
importância das mesmas nessa obra. Ao fim do trabalho será possível entender sobre a origem
de vários costumes no interior paraibano ligado a religião, mais especificamente a católica e
as epidemias. A exemplo, será observado a devoção a São Sebastião, quando o santo se
tornou padroeiro dos espaços afetados pelas enfermidades perpetuando festas e procissões.
Dentro do campo religioso vale salientar ainda as construções em nome da fé, como as várias
capelas, casas de caridades, cemitérios e outros que surgiram na Paraíba, passando a compor o
lugar e mostrando que “não há mal que não traga um bem”. Por fim, será apontado os
cemitérios dos bexiguentos, lugares normalmente largados nas brumas da sociedade, onde
muitos foram abandonados e se tornaram indigentes diante da morte. Esses excluídos agora
passam a compor a história como fontes ricas na ótica da arqueologia e preenchendo lacunas
históricas.
Descrição:
GUIMARÃES, B. F. Epidemias. fé e identidade: a construção do interior paraibano sob o olhar histórico e doente da morte. 2021. 161 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em História).- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2022.