A Bela e a Fera ou A ferida Grande Demais: A contraposição social em Clarice Lispector

Abstract

A literatura como expressão da palavra manifesta, de forma simbólica, o pensamento humano sobre os conflitos internos e a vida em sociedade. Essa figuração anui uma reflexão sobre questões diversas como social, histórica, cultural, a partir da perspectiva do contexto da produção literária. Nesse sentido, cabe, sempre que possível, discutir a representação da realidade mediante a criatividade e a imitação por meio da palavra. Contudo, não se pode negligenciar a expressão estética do texto literário, uma vez que a literatura não serve apenas para comunicar ou ilustrar o homem e a sociedade, mas também, produzir formas e discursos criativos e sensíveis. Dito isto, este trabalho pretende analisar o conto A bela e a fera ou A ferida grande demais, de Clarice Lispector, atentando para os aspectos sociais presentes na referida narrativa, observando o lugar social de Carla, uma socialite carioca, e um homem que mendiga pelo calçadão de Copacabana. Com isso, o objetivo é discutir a figuração do lugar social dos protagonistas do conto. Além disso, visa refletir sobre a metáfora presente no título do conto, a crítica e a denúncia social evidenciada por Clarice Lispector, o que justifica a escolha da autora e do conto. Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, com respaldo teórico de Lukács (2000), Candido (2011), Brait (1985), Friedman (2002), Nogueira (2011), Melo e Silva (2013), entre outros. Espera-se, portanto, que este trabalho possa contribuir com os estudos literários e sirva de revérbero sobre as desigualdades sociais no Brasil.