Microplásticos no sedimento de praias urbanizadas no litoral da Paraíba, nordeste do Brasil

Abstract

A presença de microplásticos em vários ecossistemas marinhos tem sido associada a locais com impacto antropogênico. As praias tem se destacado como um desses ambientes, seja por questões de turismo ou, ainda, por receberem aportes de várias fontes, como os estuários e as próprias correntes marinhas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a abundância e variabilidade dos microplásticos, a partir de sua relação com a distância do estuário e os estágios morfodinâmicos presentes em quatro praias urbanizadas. Foram realizadas coletas de sedimento durante três meses, em quatro praias localizadas ao longo do litoral paraibano. Os sedimentos foram mergulhados e agitados em uma solução salina concentrada (NaCl) e, após 2 h, o liquido sobrenadante foi filtrado em filtros de 1,2 μm e seco em estufa a 70ºC. As partículas de microplásticos foram separadas das partículas orgânicas, identificadas visualmente e classificadas em categorias, de acordo com sua forma em fibras e fragmentos, além de separadas pela sua cor. Nas amostras dos sedimentos de todas as praias foi obtido um total de 1525 partículas, onde as fibras destacaram-se na abundância. As praias dominadas por maré registraram maior número de partículas microplásticas do que nas praias dominadas por ondas, assim como as que possuíam sedimentos mais finos possuíam o maior número dessas partículas. Com relação às cores, as partículas azuis, vermelhas e transparentes foram as mais frequentes nas amostras. Houve uma correlação negativa entre o número de partículas de microplásticos no sedimento e a distância do estuário, evidenciando assim que o continente contribui grandemente para a poluição das praias. Os resultados apontam para a importância de estratégias que diminuam a influência tanto da poluição indireta, advinda dos estuários, como da poluição direta, provavelmente, provocada pelo turismo, para assim diminuir o aporte dessas partículas no sedimento, uma vez que elas provocam impactos sobre a biota bentônica e nectônica desses ecossistemas marinhos.