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O terror da morte se impôs, na pandemia, em função da população se encontrar exposta à contaminação de um vírus desconhecido e letal. Com a ameaça de dissolução do próprio corpo, o desamparo originário é reativado. Nesse cenário, em relação aos velhos, sobressaíram-se demonstrações de insuficiência das normas que regulam os vínculos humanos. Motivado por interrogações suscitadas por tais acontecimentos, este artigo tem como objetivo analisar as condições nas quais o desamparo vem se estabelecer para o velho, num mundo em pandemia. Enquanto revisão de literatura narrativa recorre a diferentes autores, especialmente a Sigmund Freud, Joel Birman e Ângela Mucida. Tece considerações acerca das articulações entre desamparo e civilização; quanto aos recursos simbólicos e imaginários que a cultura tem proporcionado aos velhos, como se tem concebido suas fragilidades/vulnerabilidades e os efeitos dessas concepções sobre suas subjetividades; e, sobre a conjunção das vicissitudes impostas a todos pelo contexto pandêmico àquelas que sobrevêm aos velhos, e às decorrentes do “lugar” que a cultura lhes atribuiu. Conclui que a guerra cultural, que envolveu os idosos, se instalou pela necessidade que se sentiu de afastar de si os signos da morte; que os discursos de humor que visaram destituir o velho de sua autonomia foram utilizados para obter um ganho de prazer, como uma recusa a inquietar-se com os acontecimentos da realidade circundante e uma afirmação da invulnerabilidade do Eu; e, que o lugar social atribuído aos velhos favoreceu a dilatação das normas que oportunizaram expressões de agressividade em relação a eles. |
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