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O final do século XIX foi marcado por mudanças culturais, políticas, econômicas
e sociais. Nesse contexto de transformações, Machado de Assis publica o
romance memorialístico Dom Casmurro (1899), para provocar uma série de
questionamentos a respeito da sociedade da época, especialmente sobre o lugar
da mulher num contexto patriarcal e machista. Bentinho, narrador-personagem,
se utiliza de um discurso falocêntrico para se apropriar do lugar de fala de todos
os personagens da narrativa e, com isso, convencer o leitor sobre um suposto
adultério que ele acredita ter sido vítima. A partir dessas questões, este trabalho
tem como objetivo abordar a representação da mulher na referida obra,
enfatizando o silenciamento de Capitu. Além disso, busca compreender a
figuração da personagem feminina, analisando a construção social da mulher a
partir do silenciamento da personagem machadiana. Do ponto de vista
metodológico, trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, com uma
abordagem qualitativa. Para isto, nos embasamos nas teorias de Butler (2019),
Candido (2010), Hirata (2009), dentre outros. O interesse pelo tema abordado
se justifica pela necessidade de evidenciar os problemas de gênero marcados
pelo patriarcado existente na época de produção da obra de Machado de Assis,
para denunciar a condição social da mulher. O resultado da pesquisa evidencia
a forma como narrador-personagem manipula o discurso narrativo para criar uma
imagem negativa da mulher, por isso ele registra suas memórias só após a morte
de Capitu e de outros personagens. Esperamos que essas discussões possam
trazer alguma contribuição para os estudos literários, bem como uma reflexão
sobre os papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade. |
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