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O presente trabalho debruça-se sobre o jarê, principal traço cultural e religioso de
uma comunidade de afrodescendentes que tem sua história narrada ao longo do
enredo de Torto Arado, obra de Itamar Vieira Júnior (2019). No romance, essa
população negra residente no sertão da Bahia se encontra submetida a condições
de trabalho análogas à escravidão e sobrevivendo diante de um contexto opressor.
Desse modo, objetiva-se demonstrar como a religião, enquanto aspecto cultural,
pode interferir em uma determinada realidade social. Trata-se de uma pesquisa de
cunho bibliográfico com métodos qualitativos e analíticos e embasando-se nas
teorias de Candido (1967, 2000), Goldmann (1967), Howe (1998) e Lucas (1970).
Posto isso, percebeu-se a presença de um caráter de contestação na literatura que,
ao trazer para a esfera ficcional questões sociais e culturais, busca denunciar as
mazelas que afligem as camadas mais fragilizadas da sociedade e afirmar a
identidade de um povo. Ademais, observou-se que a origem do jarê e seu
pertencimento exclusivo à região da Chapada diamantina estão relacionados com o
afluxo de uma coletividade escravizada para atividades como a exploração do
diamante no fim do século XVIII e início do XIX e que seus rituais e festas têm
funções primordiais para a comunidade local. Portanto, pode-se constatar a
importância do papel da religião enquanto aspecto atuante na manutenção de um
grupo social, que além de revelar os valores que o rege, sua história e identidade,
demarca uma base de resistência e resiliência em frente às injustiças e ao
isolamento social. |
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