Dispositivo Intrauterino: limites e possibilidades desta prática na concepção dos enfermeiros

Abstract

Introdução: A Organização Mundial da Saúde vem recomendando a realização da inserção do Dispositivo Intrauterino por enfermeiros por considerar que essa intervenção pode reduzir desigualdades e estender os cuidados às populações carentes. No Brasil, a realização desse procedimento está assegurada no Protocolo Saúde das Mulheres publicado em 2016, pelo Ministério da Saúde (MS), e em nota técnica de 2018, bem como nos documentos legislativos da classe. A revogação da nota técnica pelo MS está sendo questionada por órgãos e profissionais revelando que essa disputa não está próxima de seu desfecho. A partir destas discordâncias e considerando a atuação do enfermeiro nesta prática, questiona-se: qual a percepção dos enfermeiros sobre a possibilidade da inserção de DIU por eles? Objetivo: compreender os limites e possibilidades da inserção do dispositivo intrauterino na percepção dos enfermeiros. Método: Foi realizado um estudo transversal do tipo estudo de caso utilizando a abordagem qualitativa. A coleta se deu através de um estudo documental e da entrevista semiestruturada com os enfermeiros certificados pela capacitação em parceria com a SMS para inserção do DIU. Os dados foram analisados à luz da técnica de Análise de Conteúdo temática. Resultados: Diante da análise surgiram as categorias: o conhecimento do enfermeiro como alicerce para a prática; capacitação e educação permanente no estabelecimento da confiança profissional; o cuidado como foco de atenção para além técnica; papel da gestão na implementação da prática; a inserção por enfermeiros como agente favorável ao acesso e à garantia de direitos; e a inserção do DIU por enfermeiros e a relação de poder. Considerações finais: Os limites identificados incluem: a falta de apoio da gestão evidenciada pela falta de materiais; o afastamento da prática relacionada a uma maior insegurança quanto à execução da técnica; a necessidade da atualização prática como fator para a continuidade da oferta dessa assistência; e a resistência por parte de profissionais médicos na implementação do procedimento diante da atuação do enfermeiro. Das possibilidades: o conhecimento do amparo legal como facilitador nesta atuação; a capacitação do enfermeiro como encorajador e disseminador do método contraceptivo além de maior segurança do profissional na sua implementação; e a prática pelo enfermeiro como atividade com foco na resolutividade e garantia de direitos. Nesse sentido, depreende-se a potencialidade relacionada à inserção do DIU por enfermeiros bem como a importância de prezar pelos interesse público através das necessidades de saúde uma vez que, não deve-se subordinar os direitos e a saúde reprodutiva das mulheres.