Sistemas híbridos ureasil-poliéter para co-administração de curcumina e miconazol contra Candida albicans

Abstract

A candidíase vulvovaginal (CVV) é um problema de saúde pública que afeta pelo menos 75% das mulheres uma vez na vida. Candida albicans é responsável por 90% dos casos devido a sua plasticidade e aos seus fatores de virulência. Atualmente, o tratamento da CVV é comprometido pela resistência fúngica e por problemas de eficácia e segurança. A terapia combinada é uma alternativa capaz de reduzir doses e efeitos adversos associados ao tratamento e pode ser capaz de retardar a resistência. A cucumina (CUR) é um polifenol obtido da Curcuma longa, com efeito antifúngico demonstrado e que já tem sido testada em combinações com antifúngicos comerciais. O miconazol (MCZ), agente imidazol, é uma opção de escolha para a CVV, sujeita aos problemas do tratamento convencional. Os sistemas híbridos ureasil-poliéter podem ser eficazes para veicular esses ativos e contornar limitações físico-químicas e farmacocinéticas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas híbridos ureasil-poliéter incorporados com CUR e MCZ e avaliar a atividade anticandida dos compostos isolados e combinados. Os sistemas foram preparados utilizando um precursor híbrido composto de um alcóxido modificado e polímeros modificados. Os ativos foram adicionados na etapa de hidrólise e condensação. As características físico-químicas dos materiais foram avaliadas por espectroscopia no infravermelho (FTIR), termogravimetria (TGA) e análise térmica diferencial (DTA). As concentrações inibitórias mínimas (CIMs) de CUR e MCZ contra C. albicans ATCC 10231 foram determinadas por microdiluição segundo a norma M27-A2 do CLSI. O efeito sinérgico entre os ativos foi analisado pelo método checkerboard. Os híbridos foram moldados como membranas circulares que se apresentaram transparentes e homogêneas após a secagem. As curvas de TGA mostraram que a incorporação de CUR e MCZ em U-PEO e U-PPO aumentou a estabilidade térmica de ambos os ativos, devido à capacidade dos materiais de conferir proteção térmica. Nas curvas de DTA, CUR e MCZ demonstraram incompatibilidade física, enquanto CUR e PEO apresentaram incompatibilidade térmica. Contudo, no FTIR, não foram observados espectros indicativos de incompatibilidade química. Nos testes microbiológicos, as CIMs de CUR e MCZ foram 256 e 2,5 µg/mL, respectivamente. No ensaio checkerboard, as CIMs foram reduzidas para 32 e 0,625 µg/mL e o índice de concentração inibitória fracionada (ICIF) foi calculado em 0,375, indicando sinergismo (ICIF ≤ 0,5) entre CUR e MCZ. Portanto, a combinação e incorporação de CUR e MCZ em sistemas híbridos ureasil-poliéter é vantajosa e pode ser uma terapia alternativa para o tratamento de CVV.