Conhecimento e uso de mamíferos no nordeste do Brasil: Revisão integrativa da literatura

Abstract

O conhecimento tradicional pode ter importantes implicações para conservação e manejo da biodiversidade, principalmente, quando as populações locais estão envolvidas em esforços de conservação. Os mamíferos e seus subprodutos são usados para diversos fins e o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o conhecimento e uso de mamíferos no nordeste brasileiro e analisar qual tipo de uso das espécies é mais comum pelas populações humanas, como também elaborar redes de clusters que demonstrem a colaboração da coautoria existente nessas publicações. Foi feito um levantamento bibliográfico de 363 artigos que passaram por uma refinação de dados, por fim, foram selecionados 18 artigos dos quais todos abordavam sobre os usos de mamíferos. Os resultados obtidos foram organizados em tabelas, gráficos e link de redes colaborativas. As espécies mais citadas nos estudos foram Bos taurus (n= 329), Cerdocyon thous (n=289) e Ovis aries (n= 493) usadas principalmente como zooterapia. As partes mais manuseadas desses animais são a banha, leite, tutano e também testículos, usados para tratar doenças como dor de ouvido, reumatismo, inflamações uterinas, dor de garganta, entre outros. O uso de recursos locais mais acessíveis está provavelmente relacionado á aspectos culturais e históricos. Isso ocorre porque o conhecimento medicinal é focado em espécies com as quais os habitantes locais estão familiarizados, refletindo a transmissão de conhecimento através das gerações, bem como restrições financeiras que limitam o acesso e o uso de outros recursos. O uso de animais para fins terapêuticos é possivelmente tão antigo quanto a capacidade do homem em utilizá-lo. Os dados mostram que a zooterapia representa uma importante alternativa terapêutica para diversas regiões do Nordeste do Brasil.