Gestão do cuidado farmacêutico e intervenções no uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos

Abstract

Vivemos uma mudança no perfil demográfico, o decrescimento da média de filhos por mulher, em contraponto com o aumento da expectativa de vida. Em um futuro próximo, uma grande parcela da população será composta por idosos. Sabe-se que com o passar dos anos a população tende a apresentar patologias características da idade, resultando em pacientes polimedicados e/ou fazendo uso de Medicamentos Potencialmente Inapropriados Para Idosos (MPII). O objetivo deste estudo foi realizar serviços clínicos farmacêuticos, analisar prescrições e identificar o MPII. Tratou-se de uma pesquisa documental, com abordagem quantitativa e descritiva que aconteceu no período de fevereiro a setembro de 2022, na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) Lar Doce Lar Arruda Cruz, em Campina Grande-PB. Participaram do referido estudo todos os idosos que eram usuários de medicamentos. A variável dependente do estudo foi a frequência de MPII prescritos. As variáveis categóricas foram divididas em sociodemográficas (gênero, idade e estado civil); polipatologia que foi definida como a presença de cinco ou mais doenças; características funcionais/tipo de incapacidade; características farmacoterápicas (número de medicamentos prescritos e grupos farmacológicos) e a presença de polifarmácia (uso de quatro ou mais medicamentos). Os MPII foram avaliados de acordo com os critérios do Consenso Brasileiro de Medicamentos Potencialmente Inapropriados para Idosos (CBMPII). Para análise dos dados da pesquisa foi utilizada a estatística descritiva, com apresentação de frequências simples ou absolutas e percentuais para as variáveis categóricas. Para os testes de associação entre a presença de MPIIs e as variáveis categóricas utilizou-se do teste Exato de Fisher, considerando o nível de significância de 5% (p<0,05). Todas as análises foram realizadas com o auxílio do software estatístico R. Na ILPI residem 24 pessoas, sendo 22 delas classificadas como idosos de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, no entanto, apenas 16 faziam uso de medicamentos e produtos para a saúde adquiridos nas farmácias básicas e comunitárias. A maioria tem idade maior ou igual a 80 anos (43,75%), o gênero feminino correspondeu a 56,25´% da amostra e todos sobreviviam com 1 salário mínimo. Na avaliação das características clínicas, nenhum dos idosos apresenta polipatologias, no entanto 84,61% eram diagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica. Realizando os Serviços Farmacêuticos através da avaliação farmacoterapêutica e da conciliação de medicamentos, observou-se a polifarmácia em 31,25% das prescrições e os MPII em 75% delas, representados por 5 classes farmacológicas e 20 medicamentos com predominância de antipisicóticos (30,00%) e benzodiazepínicos (25,00%). As interações medicamentosas foram classificadas como graves sendo a principal entre o haloperidol e prometazina que pode aumentar o ritmo cardíaco. Diante dos resultados obtidos e dos possíveis riscos à saúde que os idosos poderão apresentar com o uso prolongado desses medicamentos, foi importante sensibilizar a coordenação e os cuidadores das atividades que deverão ser planejadas e executadas para evitar tais agravos e até sugerir a intervenção farmacêutico-médico. Portanto, estratégias para melhorar a farmacoterapia do idoso devem ser implementadas visando à qualidade assistencial e à segurança do cuidado diário.