Micromoluscos de uma praia arenosa do litoral norte da Paraíba, nordeste do Brasil

Abstract

As praias arenosas são ecossistemas dinâmicos que propiciam um habitat para grupos taxonômicos e funcionais específicos. Estes ambientes sofrem diversas influências de fatores abióticos. Um dos grupos taxonômicos mais marcantes nesse tipo de ambiente é o filo Mollusca, o segundo maior do reino Metazoa. Uma boa parcela dos moluscos é diminuta e críptica, e estes são denominados micromoluscos. Boa parte da literatura foca principalmente em espécies maiores do que menores. Estudos de micromoluscos são escassos, devido às dificuldades de coleta e identificação das espécies. Inventários malacofaunísticos são pouco conhecidos, sobretudo de espécies de praias arenosas, havendo estudos mais focados em aspectos ecológicos. Objetivou-se com este trabalho construir um inventário sistemático com as espécies de micromoluscos encontrados em uma praia arenosa do município de Lucena – PB, com nomenclatura atualizada e ilustrações. O estudo foi realizado na Praia de Costinha (Lucena - PB) e no Laboratório de Biologia Marinha, localizado no Campus I da UEPB (Campina Grande - PB). Com auxílio de literaturas e instrumentos laboratoriais, foi possível separar, identificar, quantificar e preservar os espécimes de moluscos encontrados. Foram encontrados 928 indivíduos de moluscos, incluídos nas classes Bivalvia, Gastropoda e Scaphopoda. Constatou-se que uma boa parte dos espécimes se enquadram como micromoluscos, enquanto outros eram juvenis. As três famílias mais representativas em número de espécies foram Pyramidellidae, Veneridae e Caecidae, enquanto em número de indivíduos foram Veneridae, Calyptraeidae, Phasianellidae, Cerithiidae e Caecidae. As espécies Transennella cubaniana (d’Orbigny, 1853) e Calyptraea centralis (Conrad, 1841) foram, respectivamente, o bivalve e o gastrópode mais representativos no estudo. Esta foi uma forma de inventariar espécies de micromoluscos de uma praia arenosa do litoral da Paraíba, visto que inventários como este não são conhecidos pela região, embora haja trabalhos direcionados a outros tipos de habitats costeiros, como recifes, rodólitos, fitais e manguezais. Esta é uma biodiversidade subestimada na maioria dos estudos malacofaunísticos ao redor do mundo, por isso, este estudo vem contribuir com essa lacuna que também é evidente para o litoral paraibano.