O processo de design de estratégias didáticas para abordar o conteúdo de mudanças climáticas globais: Passos iniciais do modelo de reconstrução educacional

Abstract

O principal objetivo deste estudo foi analisar os aspectos iniciais que emolduram o processo de construção de Estratégias Didáticas para abordar o conteúdo de Mudanças Climáticas Globais voltadas para o ensino de biologia a partir do Modelo de Reconstrução Educacional. Para tal, foram desenvolvidas três etapas: 1. Análise das Concepções Científicas; 2. Análise das Concepções Discentes e 3. Proposição de estratégia de identificação in loco. Na primeira etapa, foram considerados artigos científicos publicados nas edições do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciência (ENPEC) ocorridas entre 2011 e 2019. Sendo que foram selecionados para análise treze artigos científicos, conforme critérios de seleção previamente estipulados. Na segunda etapa, foi feito um recorte dos artigos selecionados para etapa anterior, de tal modo que foram considerados apenas aqueles artigos que tratavam, de algum modo, das concepções discentes sobre mudanças climáticas globais. Também nessa segunda etapa, foi desenhada a proposta para identificação das concepções dos estudantes em sala de aula. Levando em consideração as concepções científicas apresentadas, elaborou-se as seguintes hipóteses educacionais: a) É necessário compreender que as mudanças climáticas globais (MCGs) são um fenômeno natural, vindo acontecer em uma escala temporal. Porém, podendo ser diretamente influenciados por diversos outros fatores, como por exemplo as ações antrópicas, em seus diversos âmbito; b) É de suma importância compreender que o debate sobre Mudanças Climáticas Globais é plural, envolvendo diversos atores e discursos. A utilização da história e da natureza da ciência pode ser uma ferramenta útil para possibilitar essa compreensão. Para concepção discente optou-se por elaborar a proposta de intervenção, em que foram consideradas as concepções científicas apresentadas na primeira etapa deste estudo, bem como as sinalizações de design que emergiram da segunda etapa. Nesse sentido, a proposta apresentada foi estruturada tomando como ponto de partida as concepções discentes com maior proximidade do conteúdo científico. É possível concluir como o MRE, de fato, guiou de maneira segura o processo de design, indicando pontos de partida (concepções discentes próximas do conteúdo científico) e pontos de tensão (concepções discentes distantes do conteúdo científico) entre as concepções discentes e as científicas sobre o conteúdo. Esses pontos direcionam o que na intervenção precisa vir antes ou depois, bem como o que precisa ser mais ou menos abordado com o auxílio das estratégias didáticas.