Estrutura trófica de macroinvertebrados bentônicos em resposta à precipitação e variáveis ambientais em reservatórios do semiárido

Abstract

As mudanças climáticas e o consequente aumento das secas hidrológicas podem alterar a dinâmica das comunidades aquáticas, sobretudo, nas regiões semiáridas onde a precipitação é menor que a evaporação. Tendo em vista esse cenário de seca, é fundamental entender se as variáveis físicas e químicas e o gradiente de precipitação podem determinar a distribuição dos grupos funcionais de alimentação da comunidade de macroinvertebrados bentônicos. Nesse estudo temos como hipótese que os grupos funcionais de alimentação na comunidade de macroinvertebrados bentônicos são determinados pelas variáveis químicas e físicas da água, não apresentando uma resposta direta ao gradiente espacial de precipitação. O estudo foi desenvolvido em 14 reservatórios do Planalto da Borborema, através da amostragem de aproximadamente sete pontos de coletas distribuídos na região litorânea de cada um dos reservatórios. Os organismos foram coletados através de uma draga Ekman-Birge, posteriormente foram triados, identificados até gênero e classificados em grupos funcionais de alimentação: Coletor- catador, coletor-filtrador, raspador, fragmentador e predador. As variáveis ambientais analisadas foram: Fósforo, nitrogênio, carbono, clorofila, temperatura da água, oxigênio dissolvido, PH, turbidez e transparência da água. Verificamos que os fatores abióticos importantes foram: O PT (fósforo total), o NT (nitrogênio total) e o gradiente de precipitação (precipitação anual e do mês de amostragem). O grupo coletor- catador apresentou uma correlação moderada e positiva com o NT (r=0.67). O grupo predador apresentou uma correlação positiva e muito forte com o NT (r=0.97). O grupo raspador apresentou correlação negativa e fraca com o PT (r= -0.25) e NT (r= -0.34), já o grupo coletor- filtrador foi correlacionado negativamente e de forma fraca com todas as variáveis testadas. Ressaltamos que não registramos fragmentadores em nosso estudo. Com isso, obtivemos que a precipitação foi um fator determinante, assim como o nitrogênio total e o fósforo total para a distribuição dos grupos funcionais de alimentação nos reservatórios amostrados. Desta forma, o presente trabalho contribui para a compreensão de como os macroinvertebrados bentônicos respondem às alterações ambientais decorrentes dos períodos de seca que se tornam cada vez mais frequentes, frente ao cenário de mudanças climáticas globais.