Influência das concentrações de fósforo sobre a macrofauna bentônica em reservatórios no semiárido do Brasil

Abstract

Os reservatórios são ecossistemas aquáticos construídos com o propósito de prover reserva de água para toda a população. Estes também são utilizados para outros fins como o lazer, agricultura, pasto, criação de animais e atividades industriais. Todas essas atividades vêm causando pressões antrópicas nesses ambientes, levando a esses ecossistemas uma grande carga de nutrientes como o fósforo. O fósforo quando inserido em altas concentrações nos ecossistemas aquáticos, juntamente com outros fatores antrópicos, causam o processo de eutrofização que causa efeitos nocivos para os reservatórios e para os seres ali presentes. Dentre esses seres temos os macroinvertebrados bentônicos, os quais estão inseridos nesses ecossistemas e são sensíveis as mudanças ambientais. Quando estas comunidades entram em contato com as altas concentrações de fósforo em consequência das ações antrópicas, tendem a ter alterações em seus táxons e na sua diversidade. Com isso, o objetivo deste estudo foi analisar qual a implicação que a concentração de fósforo tem sobre a diversidade da comunidade bentônica. Este estudo foi realizado em quatro reservatórios localizados na bacia do Rio Piranhas-Açu (Sabugí e Cruzeta) e na bacia do Rio Paraíba (Sumé e Cordeiro), no semiárido do Nordeste brasileiro. Em cada reservatório foram definidos 15 pontos amostrais localizados na região litorânea e as coletas foram realizadas nos meses de setembro e dezembro de 2019, depois de fenômenos de precipitação em 2018. Os macroinvertebrados bentônicos foram coletados na região litorânea dos reservatórios, em seguida foram levados para laboratório onde foram triados e identificados. Em laboratório também foram mensuradas as concentrações de fósforo total da água (μg / L), bem como os índices de diversidade taxonômica de Shannon-Wiener, Pielou e Simpson. Foram encontrados 13708 organismos distribuídos em 36 táxons, dentre esses organismos os mais abundantes encontrados foram os Oligochaeta (4473) e Melanoides tuberculata (4435). Diferenças significativas foram encontradas, em relação a abundância dos organismos tanto para os reservatórios (F3, 109=10.5; p <0.0001) quanto para os meses de coleta (F1, 109=83; p<0.0001). As concentrações de fósforo total também diferiram significativamente tanto em relação aos reservatórios (F3, 109=63.7; p<000.1), quanto para os meses (F1, 109=17.3; p<0.000). Modelos de regressão linear mostraram que o aumento do fósforo total impulsionou o aumento da diversidade de Shannon-Wiener (R2= 0.06; P=0.003), Pielou (R2= 0.06; P=0.003) e Simpson (R2 0.07; P= 0.002). O enriquecimento do fósforo total vem agindo sobre a macrofauna bentônica dos reservatórios, aumentando assim sua diversidade taxonômica, porém apenas para espécies tolerantes a ambientes impactados e poluídos as nutrindo excessivamente. Então existe-se a necessidade de que ocorra uma fiscalização por meio da gestão hídrica nas áreas estudadas (Paraíba e Rio Grande do Norte) com o intuito de que os reservatórios bem como as comunidades de macroinvertebrados bentônicos sejam menos afetados pelos fatores antrópicos.