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A infância é marcada pela abertura ao mundo e nesse período já é possível verificar uma orientação do ser para o sentido da vida. No entanto, a sociedade contemporânea e os seus efeitos podem gerar frustração nas crianças diante da busca por um sentido para existir, o que pode gerar impactos na esfera da saúde mental e do projeto de vida, considerando que a criança abre o caminho ao adolescente e ao adulto que virá. Nesse sentido, as produções cinematográficas se revelam como ferramentas potentes para uma compreensão ampliada sobre como essa fase da vida tem sido vivenciada e retratada na atualidade, por ilustrarem as limitações e as potencialidades das relações socialmente estabelecidas. Frente à isso, o presente estudo teve como objetivo analisar o filme "O Pequeno Príncipe" à luz da Logoterapia, a fim de compreender como as expressões do vazio existencial e a busca de sentido na infância são vivenciadas e retratadas na contemporaneidade. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de natureza qualitativa, de característica descritiva e analítica, tendo como procedimento de coleta de dados a pesquisa documental audiovisual. Sendo assim, foi realizada uma análise fílmica da animação baseada na obra literária de Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe” (2015), da Paris Filmes. Através da análise foi possível perceber que na atualidade a infância é atravessada por uma espécie de vazio que paradoxalmente é gerado pelos excessos. Os imperativos que estimulam a produtividade, o perfeccionismo, a alta performance, a competitividade e o consumismo podem gerar repercussões negativas na vida das crianças. Expectativas e cobranças elevadas atreladas a uma tendência reducionista, totalitarista e rígida, bem como a ausência de períodos de pausas, presença e de contemplação podem gerar frustração, ansiedade, sobrecarga, exaustão, sentimento de ineficácia, inadequação e de vazio, dificultando assim a expressão da dimensão noética através da criatividade, da autenticidade, do faz de conta, e da emocionalidade, características próprias da infância. Diante do cenário e dos laços sociais que se apresentam na atualidade, foi constatada a importância de um tutor que facilita e media a busca e o encontro com o sentido na infância através de valores vivenciais, criativos e de atitude. Foi percebida a relevância do encontro com o outro (através da amizade e do humor) e com o mundo (por meio da contemplação da natureza); o encontro com a arte, com as histórias, com o brincar e o sonhar; e a capacidade de autotranscendência, um processo de sair de si mesmo e dedicar-se a alguém e/ou a uma causa. |
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