Resumo:
Para que o Brasil se consolidasse como uma nação autossuficiente após a sua independência, era necessário, como complemento a sua emancipação política, a construção de uma cultura genuinamente nacional. Nessa busca, prefaciando a coroação do Imperador Dom Pedro II, a intelligentsia brasileira oitocentista mirou no Romantismo europeu a concretização de sua autonomia. A partir da premissa romântica de valorização do produto nacional, o filho autóctone do Brasil, o indígena, depois de séculos de exploração e humilhação, passaria a ser destacado na sociedade brasileira pelo movimento literário indianista como um herói nacional. Nesse sentido, o Indianismo, sob patrocínio do Imperador, viria a imprimir erroneamente no imaginário popular brasileiro um indígena historicamente atuante na construção da nação. Idealizado literariamente nas perspectivas ideológicas do Império, o nativo, que historicamente desde a colônia representava uma ameaça ao domínio do homem branco, converte-se num pilar simbólico do estado como efeito de sua transmutação literária para um cavaleiro (escravo) épico e patriota, que em épocas de conquista (exploração) se subjugou e se assimilou voluntariamente ao seu civilizador (colonizador), vindo a construir com ele a base étnica e cultural de uma colônia destinada à nação. Assim sendo, este artigo tem por objetivo geral abordar à luz da crítica sociológica o movimento literário indianista, visando a desmistificação do mito do índio subserviente a partir de dois modelos que primorosamente elucidam essa controversa premissa, sendo eles: o poema “O canto do índio”, inserido na obra Primeiros Cantos (1846), de Gonçalves Dias, e o romance O Guarani (1857), de José de Alencar.
Descrição:
SILVA, Mateus Henrique de Oliveira da. A escravidão indígena romantizada na literatura brasileira do século XIX: uma abordagem crítica sociológica do movimento indianista. 2023. 32f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras-Português) - Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2023.