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Na contemporaneidade, a expressão mãe-solo tem se popularizado como uma tentativa de desconstruir a nomenclatura pejorativa e estigmatizada “mãe solteira”, diretamente atrelada ao estado civil. Por muito tempo, o termo foi tratado sob a ótica do controle social nas sociedades patriarcais, na qual o maternar representou, e ainda representa, um componente de subjugação da mulher em relação ao homem. Hodiernamente, a expansão demográfica das famílias monoparentais femininas representa, até certo ponto, o enfraquecimento deste sistema, desvelando esse grupo de mulheres como provedoras que desempenham
rotineiramente múltiplas funções: a de mãe, dona de casa e profissional. Tomando como base este cenário, o presente estudo trata-se precisamente de uma revisão bibliográfica narrativa qualitativa, que objetivou compreender os aspectos psicossociais e desafios que atravessam o cotidiano de mães-solo. A busca dos estudos se deu a partir da utilização de diferentes bases de dados, a saber: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico, Lilacs, PsycInfo e PePSIC, cujo recorte temporal foi delimitado a partir de artigos científicos e textos acadêmicos brasileiros publicados nos últimos 16 anos. Após serem criteriosamente selecionados, os materiais passaram por três etapas: fichamento, análise e categorização. Este estudo fundamentou-se a partir de duas seções. A primeira destinou-se a esboçar uma discussão introdutória acerca do percurso sócio histórico da maternidade ao longo dos tempos. A segunda, por sua vez, contempla a análise de duas categorias que foram construídas por meio da análise dos materiais criteriosamente selecionados com a finalidade de responder à questão norteadora e ao objetivo de pesquisa. São elas: 1) Os aspectos psicossociais associados às mães-solo contemporâneas; e, 2) As novas perspectivas e estratégias de enfrentamento frente ao fenômeno da monoparentalidade feminina. A partir da análise feita, identificou-se que as antigas concepções sócio históricas da maternidade seguem gerando
consequências sociais, emocionais e psicológicas na configuração familiar monoparental feminina, comprovadas, especialmente, por suas trajetórias permeadas por discriminação social em razão do estado civil, abandono parental, vulnerabilidade social, falta de rede de apoio, sofrimento psíquico e sobrecarga de natureza diversa. Urge, portanto, a necessidade da ampliação de políticas públicas que operem na assistência socioemocional e na garantia do exercício dos direitos femininos a este público. |
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