Avaliação da dispensação de benzodiazepínicos em uma farmácia básica

Abstract

A utilização crônica e arriscada dos medicamentos benzodiazepínicos (BDZ) por mais de quatro semanas pode resultar em reações adversas, como dependência física, psicológica e comprometimento cognitivo. No entanto, estudos farmacoepidemiológicos indicam que esses medicamentos são amplamente prescritos como primeira escolha no tratamento de transtornos de ansiedade e insônia na Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste contexto, foi conduzido um estudo farmacoepidemiológico em uma Farmácia Básica de Campina Grande, Paraíba, com o objetivo de investigar o possível uso crônico dos BDZ. A metodologia empregada foi observacional e descritiva, utilizando abordagens quantitativa e qualitativa. Foram analisadas as receitas médicas retidas na farmácia durante o período de janeiro a dezembro de 2022, de acordo com as normas da portaria 344/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Os resultados revelaram que 93 usuários retiraram um total de 14.070 comprimidos e 1500 frascos de BDZ, dos quais 7440 foram do diazepam de 10mg, 3930 do clonazepam de 2mg, 780 do diazepam de 5mg, 1920 do clonazepam de 0,5mg e 1500 frascos do clonazepam de 2,5mg/mL. O Diazepam de 10mg e o Clonazepam de 2mg foram os mais prevalentes, ao constatar-se que foram consumidos respectivamente por 35,40% e 34,40% dos 93 usuários que compuseram a amostra. Além disso, foi constatado que, considerando as diretrizes que norteiam a prescrição clínicas dos BDZ, que advertem que os BDZ podem ser usados por até três meses com segurança, observou-se que 44 dos 93 usuários, aproximadamente 47,31% do total, fizeram retirada de um BDZ numa frequência considerada insegura, uma vez que retiraram medicamentos por um tempo superior a três meses. Entretanto, levando em conta a existência de inúmeros estudos de farmacologia clínica que advertem que a utilização de um BDZ por mais de quatro semanas (um mês) já é considerada crônica, o percentual aumenta para 63,45%, com 60 usuários retirando receitas por dois meses, o que sugere um uso crônico e inapropriado desses medicamentos.