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A literatura afro-brasileira tem sido uma fonte rica de investigação, principalmente no
que diz respeito às representações sociais, políticas e culturais que abordam as
experiências das comunidades afrodescendentes no Brasil. Dentro desse campo, a
análise da representação da mulher negra torna-se fundamental, principalmente no
que diz respeito às interseções de gênero, raça e classe. O conto "Maria" da escritora
Conceição Evaristo surge como uma expoente dentro deste tema, demonstrando a
realidade vívida de muitas mulheres negras em nossa sociedade. Diante disso, a
presente pesquisa propôs-se a investigar a representatividade da violência e do
preconceito sofrido pela mulher negra, baseado na análise do conto “Maria”, presente
na antologia Olhos d`água da escritora Conceição Evaristo. Para tanto, teve como
objetivo central compreender como o narrador utiliza-se de suas narrativas para
denunciar e problematizar a opressão que a mulher negra enfrenta no cotidiano
brasileiro. Para isso, utilizamos do referencial teórico baseados em autores que
discutem a literatura afro-brasileira e a contextualização histórica como, Eduardo de
Assis Duarte (2011), Homi Bhabha (1998) e Silvio Almeida (2019), e também em
teóricas do feminismo negro, como Bell Hooks (2013), Oliveira (2009) e a própria
Evaristo (2016), também com autores que tratam dos diversos tipos de violências
existente no conto, Queiroz (2008) Bourdieu (2002) e Silva (2018), entre outros em
destaque no referencial bibliográfico. Esses autores forneceram ferramentas teóricas
para interpretar o conto em sua profundidade, evidenciando como a literatura pode
ser uma ferramenta de resistência e denúncia contra as opressões vivenciadas pela
mulher negra. Como resultados, o estudo presente nesta pesquisa revelou que o
conto “Maria” não apenas expõe as múltiplas formas de violência enfrentadas pela
protagonista, mas também ressalta a relevância da escrita de uma mulher negra para
ecoar a voz de muitas outras. Conceição Evaristo, por meio de sua narrativa, denuncia
as opressões estruturais e cotidianas, mas também celebra a força e a capacidade da
mulher negra de reinventar-se e resistir. A literatura, neste caso, afirma-se como um
meio de denúncia, reflexão e, acima de tudo, a resistência da autora frente a um
sistema opressor.
Palavras-chave: Literatura afro-brasileira, Conceição Evaristo, Olhos d’ Água,
preconceito, violência. |
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