A variação linguística: um estudo na comunidade remanescente quilombola de Contendas em São Bento no sertão paraibano

Abstract

As comunidades tradicionais são parte constituinte do Brasil, lutam diariamente, para alcançar e manter um lugar de representatividade social no país, bem como enfrentar as diversas questões sociais que afetam diretamente na realidade desses povos. Nesse sentido, com fundamento na teoria Linguística de Ferdinand de Saussure até a chegada da Sociolinguística Variacionista de William Labov, buscamos conhecer os saberes e fazeres de um povo que possui uma cultura singular, bem como compreender como os remanescentes de quilombola, da Comunidade Contendas, no município de São Bento (PB), preservam a cultura e quais as possíveis contribuições e peculiaridades, no uso linguístico dos falantes que nela residem, visto que as narrativas orais são marcas linguísticas de resistência desses povos. Para melhor entendermos a cultura da comunidade, é importante a interação entre os moradores, conhecer os relatos de suas vivências, para que, a partir disso, tenhamos um conhecimento profundo da história desses povos. Para isso, utiliza-se uma pesquisa de natureza qualitativa, com embasamento teórico de alguns autores como Marcos Bagno (2015), Irandé Antunes (2003), Luiz Carlos Travaglia (2009). O instrumento para coleta de dados, foi a entrevista semiestruturada, utilizada com três colaboradores da Comunidade Quilombola Contendas. Os resultados da pesquisam apontam que os moradores da comunidade fazem o possível para manter a história da comunidade, desde o processo de formação, ainda possuem costumes peculiares da cultura quilombola, dialetos comuns, transmitem a história da comunidade de geração a geração, possuem linguagem simples, que contribui para a valorização sociocultural de Contendas. Além disso, é evidente as marcas de preconceitos linguísticos e raciais constatadas ao longo das entrevistas. No mais, essa pesquisa justifica-se como uma possibilidade de rememorar, registrar e potencializar a divulgação da história desse povo, valorizando seus conhecimentos, práticas sociais e, sobretudo, sua cultura.