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O Realismo surge na Europa em meio a Segunda Revolução Industrial, período em que se observa o crescimento da burguesia e, consequentemente, a sociedade se torna capitalista, sendo notadamente identificada com a hipocrisia e o preconceito, como ironicamente aponta Machado de Assis, na obra que inaugura o movimento realista no Brasil: Memórias Póstumas de Brás Cubas (2016). Romance já bastante abordado em vários estudos críticos, a obra continua a despertar o interesse de leitores em pleno século XXI, talvez pela maneira sarcástica com que o narrador se manifesta na narrativa. Sarcasmo e ironia definem, aliás, muito bem a postura de vários narradores deste respeitado escritor. Nessas Memórias, identificamos um narrador em primeira pessoa, característica recorrente nas obras machadianas. Temos um “defunto autor”, termo que indicia uma contradição proposta pelo próprio Machado de Assis, nos levando a fazer o seguinte questionamento: como pode um defunto narrar suas próprias memórias? Esse questionamento nos instigou a reler a obra, despertando o interesse e nos instigando a estudar o romance com o objetivo de analisar mais detidamente o foco narrativo desta narrativa, colocando em evidência as contradições do narrador personagem, identificando os preconceitos e a hipocrisia social brasileira do século XIX, evidenciados pelo narrador, bem como os demais personagens deste enredo machadiano, além de apontar a atualidade do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Portanto, trata-se de uma pesquisa de base bibliográfica, que busca apoio em estudos sobre a teoria da narrativa, a exemplo de Leite (2007), bem como trabalhos críticos em torno da obra de Machado de Assis, fundamentais para quem visita e estuda a produção literária deste autor, sendo indispensável a leitura de Bosi (2006), Schwars (2000), dentre outros. A leitura prévia do romance nos leva a concluir que Memórias Póstumas de Brás Cubas traz uma realidade ainda bastante atual, pois muitos dos preconceitos presentes na narrativa, quando se somam à hipocrisia que marca a sociedade do século XIX, se manifestam nos dias de hoje, revelando divisão social, preconceito de classe e injustiça. |
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