Resumo:
A laserterapia vem se inserido de forma significativa na clínica odontológica, no âmbito hospitalar e na docência pelos cirurgiões-dentistas, devido aos seus inúmeros benefícios terapêuticos, como a analgesia, a modulação da inflamação e reparação tecidual acelerada. Todavia, a formação acadêmica durante a graduação e as capacitações clínico-científicas são importantes para a realização de atendimentos
clínicos baseados em evidências científicas. Portanto, a análise epidemiológica dos cirurgiões-dentistas habilitados em laserterapia (HL) nas atuações profissionais e na distribuição espacial do Brasil, principalmente nas regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica e menor acesso aos serviços de saúde bucal, é fundamental. Este estudo teve como objetivo delimitar um panorama geral dos cirurgiões-dentistas
habilitados em laserterapia na região Nordeste do Brasil. É um estudo quantitativo e descritivo, do tipo transversal e documental, com dados secundários de acesso aberto e domínio público que foram consultados através dos sites do Conselho Federal de Odontologia (CFO) e da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para análise dos Currículos Lattes foram incluídos os profissionais encontrados no site do CFO e com cadastro na Plataforma Lattes. Houve uma análise detalhada na Plataforma Lattes, avaliando-se 20 currículos por dia no máximo, sendo que a ordem de avaliação dos estados nordestinos brasileiros aconteceu de forma randomizada. No Nordeste, embora tenha 67.517 cirurgiões-dentistas (17,67%), a macrorregião com maior quantidade no Brasil depois do Sudeste (51,65%), apresentou apenas 178 com habilitação em laserterapia (8,74%), seguido do Norte com 57 (2,80%). Houve a prevalência dos HL para o gênero feminino (79,78%). Os estados nordestinos brasileiros com o maior número de HL foram: Bahia (28,65%); Pernambuco (24,16%); Sergipe (9,55%); Alagoas (8,43%); Ceará (7,87%); Maranhão (6,74%); Rio Grande do Norte (6,18%); Paraíba (5,06%); Piauí (3,37%). A endodontia (17,88%), a ortodontia (11,92%) e a estomatologia (11,92%) foram as
especialidades com maior número de HL. Constataram-se cirurgiões-dentistas apenas HL (63,35%), sendo que entre HL e com outras habilitações a odontologia hospitalar (25,13%) foi a mais prevalente, seguida por: analgesia relativa ou sedação consciente com óxido nitroso (7,85%), ozonioterapia (3,14%) e hipnose (0,52%). Foram identificados 178 HL e 84,27% constavam os currículos Lattes. Desta forma, cerca de
71,03% eram oriundos da graduação em odontologia de Instituições de Ensino Superior (IESs) públicas, enquanto 28,97% eram de IESs privadas. Encontrou-se HL com mestrado profissional (12,65%), mestrado acadêmico (45,78%) e/ou doutorado (41,57%). O mestrado acadêmico e o doutorado foram prevalentes em Pernambuco e na Bahia, respectivamente. A habilitação em laserterapia apresentou um importante destaque acadêmico e clínico na odontologia do Nordeste, assim como demonstrou uma gradativa tendência de maior inserção na docência e na atenção pública à saúde bucal.