Resumo:
As lesões resultantes de violência física ocupam lugar de destaque no cenário epidemiológico atual. A região de cabeça e pescoço é considerada alvo principal de episódios de violência, gerando lesões maxilofaciais de dano temporário ou permanente, sendo o profissional de odontologia o responsável pelo tratamento das sequelas provenientes de danos advindos de episódios de violência nesta região. Dentro dessa perspectiva, este estudo objetivou estudar os dados epidemiológicos de pacientes vítimas de violência física atendidos no Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes em Campina Grande, antes e durante o período da pandemia do COVID-19, de (março a dezembro de 2019) a (março a dezembro de 2020). Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, observacional e transversal, por meio de um procedimento estatístico com abordagem quantitativa, realizado no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes em Campina Grande-PB. Os pacientes admitidos no setor de Cirurgia Bucomaxilofacial desta unidade de emergência tiveram seus dados coletados, através de prontuários médicos, para que posteriormente fossem analisados e descritos sob a forma de tabelas e gráficos. Essas informações foram analisadas por intermédio do software IBM SPSS (Statistics (Statistical Package for Social Sciences) v.20 para Windows, adotando dados estatísticos. A amostra corresponde a 150 prontuários de pacientes atendidos com traumatismo resultante de agressão física. Dessa forma, foi possível verificar que a maioria das vítimas registradas era do sexo masculino (81,3%), com maior frequência observada em indivíduos de idade adulta (70,7%) e que residem na zona urbana (66%). Além disso, dentre as principais causas de agressão física, foi observado que a violência verbal antecedeu em 30% dos atos violentos. Em relação ao atendimento hospitalar observou-se que o turno da noite recebeu mais vítimas com 36,7%. Foi registrado que 88% dos pacientes obtiveram alta, com um tempo de internação entre 3 a 6 dias 37,3% , correspondendo a média mais frequente dos casos. Também verificou-se, que em 93,3% dos traumas não houve envolvimento dentoalveolar e que dentre as vitimas foi evidenciado um predomínio na região Frontal, observado em 49 pacientes, correspondendo a uma frequência de 17,5%. Outras localizações comuns foram a Órbita com 48 casos, correspondendo uma frequência de 17,1%, e a Mandíbula com 38 pacientes, com uma recorrência de 13,6%. Ademais, a contusão foi o tipo de lesão mais frequente, estando presente em 83 casos, com uma frequência de 34,7%. A arma de fogo foi o mecanismo mais utilizado durante a prática da agressão física, sua ocorrência foi registrada em 45 pacientes (29,3%). Além disso, através da análise comparativa entre os anos de 2019 e 2020, foi possível identificar que o ano de 2019 apresentou um maior número de casos com 54,7% em relação ao período pandêmico de 2020 com 45,3%. A avaliação dos dados epidemiológicos das lesões bucomaxilofaciais decorrentes de agressão são essenciais para o diagnóstico e para a obtenção de recursos que priorizem a prevenção de sua causa, além de contribuir com a tentativa de reparação de danos através de uma atuação multiprofissional.
Descrição:
INACIO, P. L. Perfil epidemiológico dos traumas bucomaxilofaciais resultantes de violência física notificados em um hospital referência da Paraíba durante o período da pandemia de Covid-19. 2022. 35 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2022.