Ensinando além da visão: ações extensionistas para o ensino de Ciências a pessoas com deficiência visual

Abstract

Paradigma transcendente à reparação histórica e com potencial para o desenvolvimento social, a Inclusão (social e principalmente educacional) tem benefícios teóricos evidenciados na prática. Considerando-o, e que o Ensino de Ciências e Biologia (ECB) a Alunos com Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) pode ser complicado pelo uso excessivo de modelos imagéticos, foi elaborado o Projeto de Extensão Ensinando Além da Visão (EaV). Este teve duas edições das quais a primeira objetivou produzir modelos táteis e estratégias de ensino sobre Animais Peçonhentos a Alunos com Deficiência Visual do Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste (IEACN, Campina Grande, PB); enquanto a segunda objetivou a formação de professores na perspectiva da Educação Especial e Inclusiva (EEI) a respeito de cinco temáticas relacionadas (Fundamentos da EEI, Ensino de Alunos com Deficiência Visual, Animais Peçonhentos, Modelagem e Ferramentas Digitais no Ensino) após a construção formativo-experiencial anterior. Ambas foram predominantemente remotas e, articuladamente a elas, este Trabalho Monográfico é uma Pesquisa de Intervenção Pedagógica que objetiva discutir as contribuições do EaV para a EEI (principalmente no ECB a Pessoas com Deficiência Visual) dando ênfase não restritiva àquelas contribuições direcionadas aos participantes-alvo. A discussão é efetivada mediante a documentação de suas ações e análise de suas influências às populações atendidas diretamente e demais envolvidos, em ambas as etapas por uma abordagem quali-quantitativa triangulada tanto com dados experienciais enriquecidos documentalmente quanto com aqueles obtidos por levantamentos pré e pós-teste. Ao EaV I obtivemos ações com evidentes contribuições à elaboração de materiais e estratégias de ensino sobre Animais Peçonhentos para a população-alvo no contexto remoto, bem como à compreensão e conservação destes animais por parte dos discentes atendidos, e também às pesquisas e ações para o ECB a Pessoas com Deficiência Visual. Já no EaV II percebe-se o potencial da formação docente para com as temáticas trabalhadas remotamente, com evidências (por vezes confirmadas mediante o teste estatístico de Wilcoxon com sinais, p[bilateral] < 0,05) de efeitos positivos do curso na capacitação para atuar com qualidade teórico-prática na perspectiva da EEI, sobretudo na ênfase de Alunos com Deficiência Visual e mesmo no ensino remoto. Desse modo, podemos afirmar aprendizados abstraídos das discussões que apontam à contínua construção da inclusão educacional, com potencial para beneficiar a todos os envolvidos em ações correlatas e a demandas diversas, para o que o projeto EaV efetivamente contribuiu, oportunizando-nos recomendar novas ações e pesquisas compromissadas neste sentido e o devido fomento a elas.