A educação popular como práxis política e o autoritarismo: atuação e desestruturação da campanha de educação popular da Paraíba (CEPLAR) entre 1961 e 1964

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo principal discutir como a Campanha de Educação Popular da Paraíba (CEPLAR) desenvolveu sua prática político educativa e quais foram suas implicações para o contexto sociopolítico compreendido entre 1960 e 1964. A CEPLAR contemplou um conjunto de ações no campo da Educação Popular que buscava construir uma rede de alfabetização nas comunidades da Paraíba, esta rede de ações foi importante na pauta do movimento por uma proposta de uma pedagogia freireana, cujos obstáculos foram sentidos após o golpe civil militar de 1964 diante do contexto antidemocrático que se apresentava na realidade brasileira. Visto isso, destacamos enquanto objetivos específicos: 1) contextualizar o início da década de 1960, com a ascensão dos movimentos populares que pautaram a educação popular como práxis política; 2) encaixar a CEPLAR dentro do cenário político, versando sobre sua prática educativa, expansão e cultura popular e por fim, 3) discorrer sobre a mobilização da burguesia para desestruturação da entidade. Do ponto de vista teórico, utilizamos o materialismo histórico dentro da historiografia, a partir do ideário de Thompson (1981). Empregamos as categorias de análise, de Estado Ampliado, Intelectual Orgânico e Crise de Hegemonia de Gramsci (1999, 2001 e 2006). Assim como, Conscientização e Práxis Política da Educação Popular referenciadas nas discussões de Freire (1987, 1995, 1979, 1967 1963 e 1980). Do ponto de vista metodológico, esse estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, cujos procedimentos metodológicos pautam-se na análise documental. Ao longo da pesquisa, foi possível compreender que o momento histórico de ascensão dos movimentos populares se encaixa em um período de disputa de projetos políticos dentro do campo educacional. Ademais, este estudo nos aponta para a importância dos movimentos sociais contribuindo para a história política e educacional brasileira, na transformação social, na formação política e construção de um pensamento crítico contra hegemônico frente aos períodos antidemocráticos, reafirmando o lugar, papel e dimensão educativa das organizações populares e suas ações pedagógicas e bandeiras de luta.