Vivências das pessoas com deficiência física no contexto da pandemia de COVID-19

Abstract

As restrições sanitárias provocadas pela COVID-19 trouxeram implicações na vida de pessoas do mundo inteiro, dentre elas as com deficiência. Pensar a deficiência em tempos pandêmicos é bastante peculiar e, para entender quais as transformações no cotidiano da vida daqueles com a experiência da deficiência é necessário ampliar as reflexões sobre essa singularidade. Dessa forma, objetivou-se compreender a vivência das pessoas com deficiência física no contexto da pandemia de Covid-19. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, de cunho descritivo e exploratório, realizada entre os meses de maio e junho de 2022. Participaram do estudo 10 pessoas com deficiência física do município de Campina Grande/PB. Foram considerados como critérios de elegibilidade para o estudo: pessoas com deficiência física atendidas pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER) de Campina Grande/PB e que residam na cidade. Como critérios de exclusão foram adotados: as pessoas que apresentaram qualquer outro tipo de deficiência associada à física. Aplicou-se uma entrevista semiestruturada realizada no dia dos atendimentos. Para o processamento e a análise dos dados foi utilizado o software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), com estatísticas textuais do tipo nuvem de palavras e análise de similitude. Como resultado, a nuvem de palavras demonstrou que as palavras ativas mais recorrentes foram: pandemia, dificuldade, ficar, casa, gente, sentir, só, estar, sair, centro especializado em reabilitação, triste e sozinho. O resultado da análise de similitude corrobora com a nuvem de palavras, pois os núcleos principais da árvore máxima foram: “pandemia”, “dificuldade”, “casa”, “ficar”, “sentir”, “triste”, “ficar” e “só”. Constatou-se que as pessoas com deficiência física podem experimentar intensos sentimentos de solidão em resposta a medidas de distanciamento social. Além disso, foi observado repercussões acerca do deslocamento ao serviço de saúde, a dificuldade de adoção de medidas sanitárias, dificuldades de atendimento nos serviços de saúde, desde a atenção primária até a atenção secundária. Portanto, é fundamental que equipes e direção de instituições de saúde procurem desenvolver protocolos de atendimento mais objetivos, acolhedores e seguros, além de poder criar alternativas e possibilidades de manutenção de atividades de reabilitação.