Avaliação da condição periodontal, enzimas hepáticas e função renal de pacientes diabéticos tipo 2: série de casos

Abstract

O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica resultante de defeitos na secreção de insulina ou de sua ação prejudicada no organismo, que pode causar, a longo prazo, danos sistêmicos em diversos órgãos, como no fígado, nos rins e na cavidade oral, a exemplo da esteatose hepática, nefropatia diabética e periodontite. O objetivo deste trabalho foi relatar uma série de casos clínicos de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 para avaliar a condição periodontal, enzimas hepáticas e a função renal a partir de exame clínico e amostras do soro sanguíneo. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPB sob parecer nº 6.661.896/CAAE: 77139923.0.0000.5187. Foram incluídos oito indivíduos com diabetes mellitus tipo 2, maiores de 18 anos, atendidos na Clínica-Escola de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e no Laboratório de Análises Clínicas da Farmácia-Escola da UEPB. Desses, foram coletados dados sociodemográficos, além de informações sobre sua saúde geral e bucal, como: níveis de HbA1c, glicemia em jejum e avaliação clínica periodontal. Ainda, para avaliar as funções hepática e renal dos participantes, foram analisadas as enzimas hepáticas TGO/AST, TGP/ALT, creatinina e ureia, além do perfil lipídico a partir das frações HDL, LDL e colesterol total. Do total de participantes (n=8), 62,5% eram mulheres e 37,5%homens, com faixa etária avaliada entre 25 e 74 anos. Cinquenta porcento dos indivíduos foram diagnosticados com gengivite num periodonto reduzido, 12,5% com gengivite em periodonto íntegro e 37,5% sugeriram presença de periodontite. Quanto aos fatores modificadores sistêmicos, 12,5% eram fumantes e 37,5% deles possuíam a hipertensão como outra comorbidade além da diabetes mellitus. Os exames laboratoriais revelaram que 62,5% dos pacientes tinham glicemia em jejum fora da meta terapêutica e 50% apresentaram níveis de HbA1c acima do limite recomendado. As alterações no perfil lipídico foram observadas em 87,5% dos pacientes para a fração LDL e 50% para HDL. Na função hepática, 12,5% dos pacientes apresentaram alterações nos níveis de TGO e TGP, destacando a importância do rastreamento precoce para doenças hepáticas em pacientes diabéticos. Em relação à função renal, 35,7% estavam fora dos padrões normais para creatinina, enquanto todos os pacientes apresentaram níveis de ureia normais. Portanto, essa série de casos mostrou que a maioria dos participantes teve alterações nos níveis de glicemia e saúde periodontal, bem como no perfil lipídico, embora apenas uma pequena parcela dos indivíduos tenha apresentado alterações no fígado e rins. Face ao exposto, ressalta-se a importância de um acompanhamento sistêmico regular para esse público, tendo em vista ser o diabetes mellitus uma doença inflamatória crônica que influencia diretamente na ocorrência de outras comorbidades, principalmente naqueles indivíduos fora da meta terapêutica.